Era um golpe no interior do bloco islamista, montado e liderado por gente ligada ao movimento islamista Gulen que até há algum tempo foi um indispensável aliado de Erdogan mas que este estava a afastar sem contemplações (desde meados de 2014), por considerar que os gulenistas estavam a ganhar demasiado peso e, assim, passavam de aliado a ameaça.
Os kemalistas e os laicistas das Forças Armadas e outros aparelhos securitários mantiveram-se afastados da tentativa de golpe, tal como todos os partidos políticos republicanos e não-islamistas.
A liderança gulenista do golpe impedia todas as forças representantes da tradição republicana, democrática, laica, anti-islamista e kemalista de o apoiarem.
O aparelho militar (tal como os media, a polícia militarizada e outros aparelhos de Estado) foram activamente infiltrados pelos gulenistas ao longo das últimas duas décadas.
Erdogan tinha feito a “limpeza” dos gulenistas por todo o lado excepto no aparelho militar…
Essa “limpeza” parecia, contudo, ter começado em Março passado com o afastamento compulsivo do gulenista coronel Muharrem Kose que agora terá liderado este golpe falhado.
Leia a cronologia da tentativa de golpe.