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Terça-feira, Dezembro 24, 2024

LSD: segredo do Silicon Valley?

Nélson Abreu, em Los Angeles
Nélson Abreu, em Los Angeles
Engenheiro electrotécnico e educador sobre ciência e consciência. Descendente de Goa, nasceu em Portugal, e reside em Los Angeles.

LSD é a sigla de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas.

A substância inibe a actividade dos neurónios importantes a nível visual e sensorial, no entanto há hiperactividade e alteração de todos os sentidos.

A droga chegou a ser usada com pacientes em estado terminal e em psicoterapia, pois acreditava-se que o inconsciente se tornava intensamente acessível por meio do LSD, ajudando o paciente a chegar a uma nova percepção acerca das questões que envolvem o seu universo psico-afectivo e a própria mortalidade.

Muitas descobertas foram feitas sob o seu efeito, como a estrutura do DNA (Prémio Nobel Francis Crick). Na cultura, artistas e pensadores diversos, foram afectados pela substância como Aldous Huxley, Timothy Leary, Jim Morrison, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd, King Crimson, Jethro Tull. O uso da droga também resultou em psicose e suicídios, o que levou a droga com algum potencial terapêutico a ser abolida.

Menos reconhecido é o efeito que teve e continua a ter no mundo da tecnologia. No Silicon Valley, as micro-doses ilegais estão na moda entre aqueles com esperança de ter o próximo grande insight. No entanto, cada vez mais hackers entendem que não precisam de drogas para alcançar grandes ideias e soluções.

Em vez de arriscar prisão, efeitos assustadores de intenso medo ou angústia, ou até a psicose crónica, podem também beneficiar de efeitos de bem-estar ao praticar diversas técnicas de mindfulness relacionadas ao chi, yoga, meditação, hipnagogia, sonhos lúcidos, experiências fora do corpo, e mais.

Relatos do desenvolvimento da revolução da computação pessoal se centram em tecnologia ou negócios. John Markoff, autor do “What the Dormouse Said” explica como a década de contra-cultura e a expansão da consciência está por trás dos primeiros PCs: um grupo de visionários transformaram os computadores em meios para libertar e interligar mentes e informação.

Muitos dos pioneiros como Federico Faggin foram inspirados através de mudanças cognitivas experimentadas através de práticas conscientes e expansões da consciência sem drogas. Em muitos casos, no entanto, drogas foram usadas para esse fim.

Experiência profunda de Steve Jobs com LSD

Steve Jobs, por exemplo, teria dito que tomar o LSD (de drogas psicadélicas) foi uma experiência profunda. Enquanto na faculdade, Jobs compartilhou um interesse em consciência e espiritualidade com amigos com quem ele discutiria experiências e livros relacionados ao conceito de chi.

Tomar o LSD foi uma experiência profunda, uma das coisas mais importantes da minha vida. O LSD mostra que há outro lado da moeda, de que não se consegue lembrar quando desaparece, mas você sabe disso. Isso reforçou o meu sentido do que era importante – criando grandes coisas em vez de ganhar dinheiro, retornando coisas ao fluxo da história e da consciência humana tanto quanto possível.”

Não admira que a nova geração de inovadores queiram imitar o seu ídolo. No entanto, vale lembrar que a droga é ilegal e tem efeitos imprevisíveis. Tais experiências transpessoais, no entanto, podem ser alcançadas sem drogas, levando a mudanças de paradigmas impactantes. Não só podem estimular o pensamento lateral, as experiências transpessoais podem levar a vivenciar a união planetária ou cósmica de forma visceral.

Muitas vezes, quem tem estas experiências conclui que o mundo físico, incluindo outros seres humanos, animais, árvores e até mesmo o que é humano, são todos conectados como uma rede espiritual. O que fazemos e criamos é um reflexo da nossa essência interior e, portanto, qualquer coisa que afecta nosso mundo interior pode desempenhar um papel importante na sociedade.

Jobs teve as suas falhas e podemos questionar os efeitos prejudiciais e desiguais humanos e ecológicos da indústria de hoje e os efeitos não saudáveis ​​de passar mais tempo fixados em écrans. No entanto, Jobs buscava claramente “inventar” o futuro, ao invés de pesquisar o que as pessoas achavam que queriam com base no que já prevalecia nos seus paradigmas actuais. Ele entendeu o mundo da consciência como algo do qual se poderia extrair e também contribuir.

Com o mundo do subjectivo desempenhando um papel cada vez mais importante para as empresas sociais e comerciais, em uma era de automação acelerada, o que pode ser feito para optimizar a nossa produção criativa? Com vidas cheias de stress, o que pode ser feito para encontrar equilíbrio e energia? Os profissionais da consciência já trabalham com inovadores nas ciências, engenharia, arquitectura e design, cinema e outras artes, solucionadores de problemas e criativos que buscam a sua próxima descoberta inovadora. A pessoa que procura permanecer saudável ​​e vital apesar de uma vida exigente pode injectar-se (de energia e criatividade) sem drogas.

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