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Quarta-feira, Janeiro 29, 2025

13 de maio: “Combater o racismo destaca o nosso sentido de humano”, diz dirigente da CTB

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 1888, pôs fim ao sistema escravista de quase quatro séculos no Brasil. Uma lei que nasceu velha pois o escravismo já andava moribundo no país com as restrições impostas ao tráfico defendendo os interesses de um novo sistema emergente, o capitalismo que precisava de ampliação de mercados.

As pressões externas pesaram muito, mas as lutas abolicionistas foram fundamentais para determinar o fim da escravidão”.

A sindicalista explica que a Abolição permanece inconclusa porque “não considerou os direitos dos ex-escravos à posse da terra e os marginalizou do mundo do trabalho, substituindo-os por mão de obra europeia. Numa clara tentativa de branquear a sociedade”.

Por isso o movimento negro decretou o 13 de maio como o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. Afinal, “a Abolição, mesmo com suas limitações, teve o mérito de inaugurar uma nova etapa na história do Brasil”, diz Mônica.

Racistas Otários, dos Racionais MCs

O Censo Demográfico de 1872 mostra uma população de 9.930.478 de habitantes no Brasil, sendo 38,3% considerados pardos, 38,1% brancos e 19,7% negros, os indígenas eram 3,9%. Mostra ainda que 15,2% da população eram escravos, claramente a escravidão findava.

Muita água rolou desde então, mas a condição de vida da população negra se manteve entre as piores. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, 56,1% da população se identificou como negra ou parda.

Isso comprova que as políticas afirmativas dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff apresentam resultados promissores na luta antirracista, embora o racismo estrutural ainda afete profundamente a população negra”.

Mas o mercado de trabalho não deixa margem de dúvidas sobre o racismo. Como mostra o estudo “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, do IBGE. E mesmo que pela primeira vez na história o número de negros (50,3%) tenha superado o de brancos no ensino superior, as diferenças salariais ainda permanecem gritantes.

O rendimento mensal das pessoas brancas ocupadas, em 2018, era de R$ 2.796, enquanto entre os pretos ou pardos era de R$ 1.608, uma diferença de 73,9%. As mulheres negras então recebiam 44% do que ganhavam os homens brancos. “O mercado de trabalho brasileiro é racista e sexista”, reforça Mônica. Mesmo com ensino superior completo os negros ainda recebiam 45% a menos do que os brancos.

Mulheres Pretas, de Lady Rap

Negras e negros são os primeiros a serem demitidos como mostra o estudo. Em 2018, 64,2% dos desocupados eram negros e também compunham 66,1% do mercado informal de trabalho.

Pesquisas mostram ainda que mais de 60% da população carcerária é composta por pretos e pardos e 70% das vítimas de homicídios eram negras no Brasil no ano passado e que as negras e negros têm quase três vezes mais de possibilidades de serem assassinados.

Para a sindicalista carioca, é muito importante refletir sobre o significado da Abolição “inconclusa” feita no Brasil para entender o racismo estrutural brasileiro e a suas consequências em nossa sociedade. “A escravidão ainda nos marca profundamente”.

A Mão da Limpeza, de Gilberto Gil

“O racismo mata. Mata a nossa juventude preta, pobre e periférica, apenas por terem a pretensão de viver e amar como qualquer jovem do planeta”, assinala Mônica.

Por isso, o:

Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo marca a nossa luta por igualdade em todos os sentidos. Combater o racismo destaca o nosso sentido de humano mesmo em meio à pandemia do coronavírus”.


Texto em português do Brasil


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