De 5 a 12 de Fevereiro vai decorrer no Porto a primeira edição do Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil. A apresentação do certame decorreu no Rivoli numa conferência de imprensa em que estiveram presentes o Director do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes, e os membros da Direcção do Festival, Carlos Ramos e Miguel Valverde.
Este novo certame nasce a partir da iniciativa da equipa do IndieLisboa e conta com co-produção da Câmara Municipal do Porto. As primeiras palavras de apresentação foram, por isso, de Tiago Guedes que referiu os esforços que o município portuense tem desenvolvido nos últimos tempos para fazer regressar a exibição de cinema ao centro da cidade. Seja pelo reforço da oferta cinematográfica no Rivoli, seja pelo apoio à reabertura do Cinema Trindade (que vai acontecer com sessões do Festival) e culminando na decisão recente da Câmara de alugar por um período dxe vinte e cinco anos o Cinema Batalha para o transformar numa “casa do cinema”. A associação do município ao IndieJúnior está inserida nessa linha de orientação e vai de encontro à actividade do Serviço Educativo da Câmara.
Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto
O Festival terá as sessões (e outras actividades) repartidas pelo Rivoli, pelo Trindade e pela Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
Miguel Valverde deu conta, de seguida, dos grandes objectivos desta organização. E, no seu discurso, encontrámos uma quase coincidência com o exposto por Victor Erice na ‘masterclass’ que deu há dias no Porto e que foi objecto de um texto já publicado no Jornal Tornado (Victor Erice esteve no Porto).
Com efeito, Miguel Valverde afirmou que o IndieJúnior servirá para mostrar às crianças, habituadas a doses maciças de filmes na televisão, o que é a exibição numa sala de cinema, a diferença entre o que vêem todos os dias em casa e o cinema propriamente dito, e a experiência fundacional que será para muitas delas “a primeira ida ao cinema”. Fez questão de realçar que o IndieJúnior será um festival para todos, com filmes para crianças programados em função das idades dos espectadores, mas também para o público em geral. As escolas e as famílias estão no foco da atenção dos programadores.
Filmes oriundos de vinte países
Sessenta filmes oriundos de vinte países, de animação, documentários e de ficção, preencherão as várias secções do festival: competição de longas metragens, competição de curtas para diferentes idades de espectadores (+3, +6, +10, +13), sessões temáticas para toda a família, pequenos grandes clássicos (“E.T.”, “A Sombra do Caçador”, “Gremlins”, “Stand by me”), a infância e a adolescência no cinema português…
Se se fala em competição é porque haverá prémios (também monetários) e júris: um composto por crianças, outro por profissionais e o terceiro, do público.
Muito curiosa a existência de uma secção que vai de encontro ao discurso de Victor Erice e ao que dissemos sobre a importância da primeira ida ao cinema. Chama-se “O Meu Primeiro Filme”. A organização convidou algumas personalidades a apresentarem (senão o primeiro filme que viram) uma obra que tenha marcado a sua infância e o modo como passaram a ver o cinema. Assim, o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, comentará “O Meu Tio” de Jacques Tati, Regina Guimarães (escritora, cineasta, encenadora, tradutora, letrista, …) apresentará “West Side Story” de Robert Wise e Jeremy Robbins, a fotógrafa e artista plástica Rita Castro Neves mostrará os Irmãos Marx em “Uma Noite na Ópera” de Sam Wood, e Gonçalo Amorim, actor e encenador, dará a ver “The Goonies” de Richard Donner.
‘Workshops’ de dança e de som – “O Filme que eu Danço” com Pedro Carvalho e “Soundtrack em Família” com Bruno Estima –, ‘A Hora do Conto’ com o escritor António Torrado e um debate com exibição de filme centrado no tema ‘O Bullying na Infância e na Adolescência’ serão algumas das actividades paralelas do Festival.
Sessões esgotadas
Algumas sessões já estão esgotadas, há mais de 2000 crianças que, fruto dos protocolos com as escolas, já estão encaminhadas para o IndieJúnior e os espectadores do festival (jovens e adultos) têm descontos nas deslocações ferroviárias.
Não fomos exaustivos. O que ficou dito permite, no entanto, encarar com muita expectativa um certame que antevemos como muito abrangente e diversificado, com objectivos que nos parecem muito importantes tanto do ponto de vista da formação como da fruição. De facto, para colher há que semear. Se queremos ter no futuro espectadores de cinema críticos e intervenientes teremos que os formar (não formatar…) na infância e na juventude.
O 1º IndieJúnior/Porto tem todas as condições para ser um sucesso. Que seja o primeiro de muitos.