“Mabata Bata” de Sol de Carvalho é o filme vencedor
Em boa hora a FPCC – Federação Portuguesa de Cineclubes decidiu homenagear o cinema africano de expressão lusófona, lembrando, ao mesmo tempo, António Loja Neves, um dos seus fundadores e grande impulsionador do movimento cineclubista português, que deixou o nosso convívio em Maio do ano passado.
Tendo partilhado com o António Loja Neves muitas aventuras cinéfilas (antes, durante e depois da fundação da FPCC) – Este parte… aquele parte… Hoje despeço-me do António Loja Neves – é com um profundo sentimento de saudade mas também com uma grande alegria que aqui deixo esta pequena nota.
Conheci o António Loja Neves nas lides cineclubistas que desenvolvemos em conjunto. Mas vi-o sempre como um cidadão permanentemente interveniente em múltiplos campos de actividade.
Na militância política, no jornalismo, na escrita (foi poeta laureado pela SPA), nos movimentos cívicos (por exemplo, fundador do SOS – Racismo) e no cinema em muitas facetas – dirigente do CCUL e fundador e dirigente da FPCC, programador, projeccionista, encorajador da fundação de outros cineclubes, frequentador de inúmeros festivais de cinema, fundador da Apordoc, homem ligado à criação do FESTROIA e dos Encontro de Cinema Documental da Malaposta, actor de filmes de Manoel de Oliveira e de João Mário Grilo, e realizador de documentários – ”Ínsula” (1993 e “O Silêncio (1999), este com José Alves Pereira.
Profundo conhecedor do cinema africano, e do cinema lusófono em particular, teve desde jovem uma forte ligação a Cabo verde.
Por tudo o que foi dito o nome de António Loja Neves assenta como uma luva no prémio agora criado pela FPCC.
Numa primeira fase foi constituída uma lista de nomeados a partir da presença das cinematografias dos PALOP’s nos festivais organizados pelos cineclubes federados.
Os nomeados foram os seguintes:
- “Arriaga” de Welket Bungué, 2018, Guiné-Bissau;
- “Comboio de Sal e Açúcar” de Licínio Azevedo, 2017, Moçambique;
- “Homestay” de Lolo Arziki, 2017, Cabo Verde;
- “O Canto do Ossobó” de Silas Tiny, 2017, São Tomé e Príncipe;
- “Mabata Bata” de Sol de Carvalho, 2018, Moçambique;
- “Sonho Longínquo no Equador” de Hamilton Trindade, 2017, São Tomé e Príncipe.
Estes trabalhos foram depois avaliados por um júri constituído pela jornalista e programadora Isabel Santos, pelo cineasta Luís Filipe Rocha e pelo produtor e presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso.
O vencedor do 1º Prémio António Loja Neves foi “Mabata Bata” de Sol de Carvalho, realizador nascido na cidade moçambicana da Beira em 1953. Trata-se de uma co-produção Promarte e Bando à Parte.
Segundo o júri, “Mabata Bata” é “um filme que se destaca pela sensibilidade do seu olhar humanista e solidário e pela actualidade da sua temática, mesclando com inteligência e delicadeza a tradição cultural africana com as feridas recentes e ainda não saradas da guerra civil em Moçambique.”
Baseado num conto de Mia Couto escrito em 1986, “O Dia Em Que Explodiu Mabata Bata” o filme conta a história de Azarias, um jovem pastor órfão que um dia vê o seu melhor boi, Mabata Bata, explodir devido a uma mina terrestre deixada pelos combatentes da guerra que decorre no país. Este terrível acontecimento espoleta uma fuga para a floresta (por o rapaz temer represálias) seguido de um resgate, por parte da avó e do tio, que o tentam convencer a voltar.
A sessão de entrega do 1º Prémio António Loja Neves, a ter lugar hoje em Lisboa, decorrerá no Espaço Nimas e conta com o apoio da Medeia Filmes. Incluirá, naturalmente, a projecção do filme premiado e a presença do seu realizador.
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