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João de Sousa

Sábado, Agosto 24, 2024

Funcionários estatais e locais acusados

Os funcionários enfrentam várias acusações de negligência comprovada e de enganar “intencionalmente” funcionários federais.

Estas acusações surgem seis meses depois de Rick Snyder, governador do estado de Michigan, ter admitido que a sua administração não compreendeu o alcance da contaminação por chumbo da água em Flint.

Mike Glasgow, o supervisor do laboratório da qualidade da água de Flint, está acusado de neglicência consciente; o responsável terá falsificado documentos que sugerem que as autoridades daquela cidade fizeram testes de detecção de chumbo em casas com canalizações contendo esse metal.

Também Mike Prysby, membro do departamento de qualidade ambiental, e Stephen Busch, ex-responsável de outro departamento relacionado com água potável, estão acusados de vários crimes de má conduta no trabalho, conspiração para interferir em provas e violações da lei sobre a segurança da água para beber.

A serem provadas as acusações, os visados enfrentam penas de prisão de quatro a cinco anos ou multas de até 10 mil dólares.

O procurador-geral do estado, Bill Schuette foi claro: “O nosso sistema de justiça aplica-se a toda a gente. Ninguém está acima da lei. Não comigo”. E deu a entender que mais pessoas poderão vir a enfrentar acusações criminais neste caso: “todas as pessoas que violaram a lei serão responsabilizadas”, sublinhou.

Petição exige demissão do senador do Michigan

Rick Snyder, o senador do estado onde se situa a cidade de Flint, termina o mandato em 2018 não podendo recandidatar-se, porém, um grupo liderado por um pastor de Detroit quer que o governador saia do cargo antes dessa data. A petição defende que seja convocado em Novembro um referendo a nível daquele estado para o efeito. Para que esse referendo aconteça, e de acordo com uma lei aprovada pelo próprio Snyder em 2012, têm de ser recolhidas 790 mil assinaturas em sessenta dias.

O reverendo David Alexander Bullock, mentor desta petição, tem como meta alcançar pelo menos 900 mil assinaturas, e confessa: “há muito tempo que não via este tipo de ímpeto”.

Se o objectivo da petição for alcançado, isto é, se Rick Snyder sair do cargo antes do termo, seria Brian Calley, vice-governador, a ocupar o posto. Dezenas de milhares de mails divulgados pelo próprio gabinete do político mostram que a sua administração desvalorizou durante meses as preocupações sobre o abastecimento de água em Flint, mesmo quando investigadores independentes detectaram níveis elevados de chumbo em habitações da região.

 

Processo judicial acusa: crise da água foi “intencional” para poupar dinheiro

Apesar de Snyder se ter desculpado em público várias vezes, foi instaurado no princípio do mês de Abril um processo judicial federal contra a sua administração. Os autores da queixa alegam que a crise da água em Flint foi o resultado de um “esquema intencional” arquitectado por funcionários do estado e pelo governador, para ajustes no orçamento da cidade.

Os advogados que avançaram com o processo anunciaram, numa conferência de imprensa, que o gestor de emergência nomeado pelo governador tentou resolver a situação através de cortes de custos, mudando a fonte de abastecimento de água em 2014 do Lago Huron para um rio local.

Esta medida, que se estima ter poupado entre 1 e 2 milhões de dólares por ano, despoletou um conjunto de problemas para uma cidade já com dificuldades financeiras; o departamento de qualidade da água não avançou com o tratamento da água do rio com agentes de controlo de corrosão. Isto levou à contaminação por chumbo da água para consumo doméstico. John Clark, um dos advogados que apresentou o processo, chegou mesmo a dizer que “o governo está a falhar” e que graças à cobrança de elevadas tarifas de água em Flint, “conseguiram criar um superavit orçamental”.

O sistema de abastecimento de água em Flint voltou a estar ligado ao seu congénere em Detroit no passado mês de Outubro, depois do governador Snyder ter admitido que não calculava a gravidade da situação. Porém, ainda é necessário que funcionários estatais declarem que a água naquela cidade é própria para beber.

Fonte: The Guardian 

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