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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 1, 2024

500 mil mortos e uma tragédia social

No momento em que o Brasil chega a 500 mil de mortos pela Covid-19, impõe-se a reflexão sobre as causas dessa imensa tragédia social. O ponto central é, sem margem para dúvida, o projeto de poder que se instalou no Presidência da República com a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018. Desde então, o país ingressou no caminho que levou a um rápido agravamento da crise econômica, com seus conhecidos desdobramentos sociais, situação que muito contribuiu para a tragédia decorrente da Covid-19.

O avanço da pandemia no Brasil se deu nesse contexto de negação das medidas necessárias para enfrentar os efeitos de uma crise econômica que se espalhou pelo mundo como rastilho de pólvora, a partir do seu pico em 2007-2008. Ao aprofundar o desmonte do Estado e reforçar seu aparelhamento pelas mordaças do projeto neoliberal, o governo Bolsonaro mergulhou o país numa pasmaceira, mitigada pela retórica de que uma nova era estava se iniciando. O que se viu, desde então, foi uma escalada de descaso com o povo e de ameaças autoritárias.

Quando a pandemia chegou, o povo já passava por uma situação que pode ser caraterizada, sem exagero, como de tragédia social. O elevado desemprego era a sua face mais cruel, gerando consequências como, dentre outras, a reversão do processo de inclusão social que tirou muitos brasileiros da pobreza extrema. Em meio àquele cenário trágico, o ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, reafirmava sua linha de ataque ao Estado para reforçar a política imposta pelo circuito de acumulação financeira.

A chegada da pandemia não alterou essa linha. Consequentemente, a tragédia social se agravou e colheu um imenso contingente de brasileiros em condições de extrema vulnerabilidade. O avanço do desemprego, com o país atolado na crise econômica e o Estado imobilizado para fazer políticas públicas de socorro às urgências do povo, empurrou sobretudo esse contingente ao encontro da contaminação. Sem meios de sobrevivência – o auxílio emergencial atenuou a situação, mas foi uma conquista que resultou do enfrentamento com o bolsonarismo –, a única saída foi a busca da sobrevivência no cenário de propagação descontrolada da pandemia.

Como espécie de animador desse cenário macabro, o presidente Bolsonaro enveredou pelo caminho da negação da gravidade da pandemia e instou o povo à busca do “pão de cada dia”, enquanto reforçava a omissão do Estado no cumprimento de suas funções precípuas estipuladas pela Constituição. O governo se entregou à omissão, dirigida pela ação de Bolsonaro de abusar da sua condição de presidente da República para promover a escalada de ataques à ciência e de pregação de panaceias diante do descontrole da pandemia.

O resultado dessa equação se apresenta com essa cifra assustadora de mortos, que tende a aumentar diante da continuidade da política negacionista de Bolsonaro. A sabotagem do presidente aos governadores e prefeitos que lutam pela vacinação em massa e pelo distanciamento social, além de outros absurdos já revelados pela CPI da Covid-19, com destaque para a recusa em adquirir vacinas e a insistência em tentar impor o uso da cloroquina base de um suposto tratamento precoce, se somam à criminosa política econômica de Paulo Guedes, formando esse cenário de tragédia social, que exige unidade de amplas forças para ser revertido.


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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