Tentando explicar muito sucintamente o que é a moeda designada por Bitcoin, trata-se de uma divisa digital que é controlada por uma crescente rede de computadores pessoais ao invés de um banco central ou um governo. Quantas mais pessoas a usarem, mais forte se torna, mesmo que a oscilação – que existe – e é muito temperamental, a sujeite a grandes avanços ou recuos de cotação. Já se fazem pagamentos um pouco por todo o lado, usando maioritariamente a internet, mas pagar o bilhete de um cinema em Lisboa também já é possível. Mas como divisa jovem, é ainda primordialmente alvo de especulação: o negócio é apostar nela enquanto não se torna “real” nem comum nas transacções comerciais diárias.
Mas tudo pode mudar se a Coinbase, uma startup com sede em Silicon Valley e que gere uma carteira Bitcoin com quase três milhões de utilizadores que compram e pagam serviços com esta moeda, tenha sucesso com o seu primeiro cartão de débito Bitcoin, o SHIFT CARD lançado na passada sexta-feira e que permite pagar Online e Offline qualquer compra numa máquina que aceite um cartão VISA. O que Adam White, vice-presidente da Coinbase, deseja é “facilitar a utilização da Bitcoin e desse modo popularizá-la”.
O Shift Card foi adoptado em metade dos estados norte-americanos, como os importantes Texas, Washington e New Jersey, o que exigiu a aprovação individual para cada licença. A partir de agora, qualquer utilizador que tenha uma conta Bitcoin aberta só tem de preencher o requerimento, pagar uma taxa de 10 dólares para poder começar a fazer compras sem se sujeitar a qualquer taxa de serviço geralmente cobrada pelos operadores tradicionais. Excepto se a compra for intercontinental, o que obriga ao pagamento de um determinado fee, taxa que também é cobrada ao levantar dinheiro numa caixa ATM.
O objectivo é fazer a moeda rolar e esperar o efeito bola de neve: quanto mais pessoas a utilizarem, mais a desejarão e, a partir de um certo momento num futuro não muito distante, poderá mesmo vir a revelar-se a melhor opção para quem deseja libertar-se de todas as letras pequeninas que os contratos bancários e similares exigem que assinemos.