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Sábado, Novembro 2, 2024

90% das pessoas não sabe pensar

Ana Pinto-Coelho
Ana Pinto-Coelho
Aconselhamento em dependências químicas e comportamentais, Investigadora Adiction Counselling

Muitos já suspeitavam, mas não existiam dados fiáveis…até agora. Robert Swartz, que é médico e investigador no «National Center For Teaching Thinking», revelou o estudo em que se provou que “entre 90 a 95%” da população mundial não sabe pensar adequadamente“.

A culpa, explica, é das escolas, onde se ensina a memorizar e não a raciocinar, usando a criatividade, para resolver problemas.

“Poucas pessoas no planeta aprenderam a pensar de forma ampla e criativa.(…). O progresso da Humanidade depende deste tipo de pensamento e tal não existe.” – reforça.

Swartz revelou estes dados um mês antes de viajar para Bilbao, onde o ICOT 2015 – Congreso Internacional de Pensamiento se reuniu no que foi a maior conferência sobre a inteligência. Aqui o cientista procurou mostrar que é possível reflectir-se sobre o uso do pensamento nas áreas da educação e do desporto, entre outras.

Mais especificamente, este especialista em pedagogia educacional acredita que existem actualmente várias formas de implementar um pensamento que ajude de facto as pessoas a “melhorarem o seu modo de pensar”. Swartz revelou também que a sociedade não sabe como usar a mente porque a escola do século XXI, ainda que sendo completamente diferente dos séculos anteriores, não muda na forma como ensina os mais novos.

Como solução para que esta “percentagem dantesca” reduza, Swartz propõe que se fomente a comunicação desde a infância, já que 99% dos problemas do ser humano têm origem na linguística. Por outro lado, considera que as escolas devem criar “sujeitos activos” na hora de aprender, e não passivos, como se está ainda a fazer hoje em dia nas aprendizagens. Com isto quer dizer que sejam capazes de pensar de forma crítica e não limitarem-se a receber informação.

Nesta linha de pensamento, Swartz acredita que há que fomentar a empatia nos mais pequenos para que aprendam a valorizar a opinião do outro, o trabalho em equipa e saber estar em conformidade com a maioria, de forma activa, PENSANDO.

Swartz criou o TBL (Thinking Based Learning) que transforma as salas de aula tradicionais em salas de aulas centradas-no-aluno. Nestes espaços, os alunos estudam os conteúdos programáticos ao mesmo tempo que desenvolvem as suas especificidades de pensamento, ao contrário do que acontece no modelo tradicional.

Em alguns países no norte da Europa, como a Noruega ou Dinamarca, algo semelhante começa a ser feito. De facto, as disciplinas tradicionais desapareceram para dar lugar a verdadeiros acontecimentos de aprendizagem. Ou seja: ao estudar-se uma matéria, não só não se estuda de forma isolada como se está permanentemente atento a cada aluno e para o que ele demonstra maior propensão ou maior dificuldade. Desta forma, potenciam-se as mais valias e interesses de forma individual, como garantem um maior apoio nas áreas em que cada aluno mostra mais dificuldade.

As matérias, de facto, podem cruzar-se umas com as outras e enquanto se estuda matemática pode estudar-se a métrica de um poema. Só a título de exemplo.

Afinal, o mundo está interligado. Fará algum sentido hoje em dia estudar-se disciplinas separadamente, estando os alunos dispostos da maneira que estão numa sala de aula, e a receber passivamente resmas de conteúdos programáticos?

E a interacção, faz-se apenas nos intervalos e completamente fora do âmbito da aquisição de conhecimentos?

Afinal, o estar na vida não implica tudo isto estar junto, ou seja, aprender activamente, com sentido e vontade?

Muito por mudar. Mas os caminhos já estão aí!

 

Nota do editor:

Em Portugal, a Escola da Ponte não tem salas de aula tradicionaisEm Portugal, a Escola da Ponte não tem salas de aula tradicionais.

Inspirada por Paulo Freire e pelo pedagogo francês Célestin Freinet

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