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Terça-feira, Julho 16, 2024

3 perguntas a… Isabel Nery

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

Sophia de Mello Breyner Andresen  | Esfera dos Livros

Isabel Nery
Jornalista, ensaísta e investigadora em Jornalismo Literário, Isabel Nery estreou-se no género Biografia com o livro Sophia de Mello Breyner Andresen (2019). É autora de várias obras de não-ficção, entre elas o livro de reportagem As Prisioneiras – Mães Atrás das Grades (2012); o ensaio Chorei de Véspera – Ensaio sobre a Morte, por Amor à Vida (2016) e Política e Jornais – Encontros Mediáticos (2004).

 


Como foi investigar e descobrir o percurso Sophia?

Foi uma bela aventura, que me levou até à Grécia, ao Algarve, à Granja e ao Porto, mas também a ouvir cerca de 60 testemunhos. Desde alguma família, grandes amigos, como Manuel Alegre e Graça Morais, até tradutores e especialistas na obra, assim como o pescador José Muchacho ou empregados dos restaurantes que Sophia frequentava. Ou ainda historiadores da ilha de Föhr (antes Dinamarca, hoje Alemanha) de onde o bisavô de Sophia, Jan Andresen, veio para Portugal. Foi um trabalho profundo, de investigação, por isso, a somar ao que já referi, pesquisei arquivos, como os da PIDE, na Torre do Tombo, ou os arquivos da Presidência da República, o espólio da Biblioteca Nacional, assim como artigos de jornal e textos escritos sobre Sophia. O objetivo era chegar a uma visão o mais abrangente possível da autora, que me permitisse revelar uma Sophia completa, nas suas diferentes facetas (criança, mulher, mãe, amiga, poeta, política).

Durante a sua pesquisa sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, ficou surpreendida com algum aspecto da sua vida?

Talvez o mais surpreendente, porque completamente desconhecido até aqui, seja o facto de Sophia ter entrado na Faculdade de Letras de Lisboa (em Filologia Clássica) com uma média relativamente baixa de 12 valores. O génio literário que lhe é reconhecido levaria a pensar que poderíamos estar perante uma aluna genial. No entanto, este dado é, ao mesmo tempo, coerente com a personalidade de Sophia, desde sempre avessa a formalismos e formatações, especialmente aqueles que a escola impunha no tempo da ditadura. Por outro lado, este detalhe é também muito interessante por revelar o rigor na sua postura pública. Ao tornar-se deputada da Assembleia Constituinte, a informação que consta na ficha parlamentar indica nas habilitações literárias: «primeiro ano incompleto».

A biografia que escreveu é, também, um livro sobre a história de Portugal que Sophia viveu e em que se empenhou?

Foi uma decisão que tomei relativamente cedo no processo de biografar Sophia. Pareceu-me difícil entregar aos leitores da biografia uma poeta descontextualizada do seu tempo, ou até do tempo que a precedeu. Como poderíamos compreender uma autora se não notássemos que nasceu um ano depois da primeira Guerra Mundial, que cresceu num país pobre e analfabeto e se fez adulta desejando a liberdade num território sujeito à ditadura e à guerra colonial?

 

 

Isabel Nery

Sophia de Mello Breyner Andresen

Esfera dos Livros. 22€


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