Nestas eleições, foram produzidas sondagens como ‘pipocas’ que podem ter tido influência na intenção de voto dos eleitores. Só um estudo sobre a matéria poderá chegar a conclusões mais precisas mas o massacre de sondagens diárias marcou a campanha.
Na Entidade para a Comunicação Social (ERC) foram depositadas 65 sondagens durante a pré-campanha e campanha eleitoral para as legislativas de 2015. A maioria indicou um empate técnico entre as duas principais forças políticas – a coligação do PSD/CDS Portugal à Frente (PàF) e o Partido Socialista (PS). Só durante os 15 dias de campanha oficial, a coligação PàF ganhou terreno sobre o PS mas apenas com uma margem de avanço entre os 3% e os 7%.
Contudo, este acto eleitoral registou a novidade das sondagens diárias, as ‘tracking polls’ que são meras estimativas eleitorais, com pequenas amostras de eleitores e sem grande base cientifica de comparação. A RTP, o jornal Público e a TVI apresentaram sondagens diárias. Todas indicaram que a coligação PAF ganharia estas legislativas sem maioria absoluta.
Talvez por isso, a ERC informa “ a abertura de alguns processos e solicitou esclarecimentos às respectivas empresas de realização de sondagens e aos órgãos de comunicação social que procederam à divulgação”.
Até porque a legislação obriga as sondagens a cumprir determinadas obrigações legais, porém a mesma é omissa em relação às tracking polls, o que suscita dúvidas sobre os estudos e sobre os resultados, recolhidos através de telefonema para a rede fixa, entre as 9h00 e as 21h00. Ora, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, cerca de 60% da população não possui telefone fixo, devido ao uso do telemóvel.
Mesmo as sondagens maiores e com simulação de voto em urna registaram alguns dados curiosos e estranhos. O Tornado analisou a sondagem Intercampus TVI/TSF/Público, onde a Coligação PàF vence com 4,3 pontos de vantagem sobre o PS. Mas, contas feitas às intenções de voto, eleitores indecisos e votos brancos, chega-se a 112,6%, um resultado que ultrapassa a amostra de 1013 votantes.
O site de notícias Economia e Finanças realizou durante quase dois meses uma sondagem espontânea abrindo aos leitores a possibilidade de responderem à pergunta única: “Em quem vai votar? A pesquisa encerrou no passado dia 24 de Setembro. Só estiveram disponíveis cinco hipóteses de resposta e não houve nenhum tipo de exercício probabilístico ou significância estatística associado a este exercício. Apenas a livre e espontânea vontade de quem quis responder. “Os dados foram acumulando desde o primeiro dia até ao último pelo que se trata de uma pesquisa cumulativa e não reflecte especialmente a posição maioritária em nenhum dos momentos. Não registámos nenhum fenómeno particularmente notório de “sindicatos de voto” que tantas vezes afectam as pesquisa online. Para isso terá também contribuído o facto de não sermos um média que esteja particularmente referenciado nas “máquinas partidárias. Trata-se pouco mais de uma curiosidade sobre os leitores do Economia e Finanças”, explicam os responsáveis do site e desta sondagem/inquirição.
E, curiosamente esta sondagem espontânea, sem base científica, não registada na ERC e que apenas pode ser vista como uma simples inquirição sobre as intenções de voto de eleitores, apresentou um resultado que contraria todos os outros produzidos por sondagens oficiais. Num universo de 1930 eleitores, o PS venceu com 8618 votos contra 460 para a PàF. A CDU recebeu 244 votos, o BE 179, restando 429 para ‘outros’.