Desde que assumiu a Presidência em 1º de janeiro, Jair Bolsonaro luta para destruir o que de melhor temos em nossa cultura: a diversidade. O mais recente arbítrio foi a proibição do filme “A Vida Invisível”, de Karin Aïnouz. Isso mostra o terror que os ultraconservadores sentem ao se depararem com obras inteligentes, que levam o público a refletir sobre a vida e o que se quer para o futuro.
Aïnouz respondeu por suas redes sociais afirmando que “não há meias-palavras para a censura — velada ou não — e para o aniquilamento da cultura. Não há meias-palavras para um governo do ódio, do boicote, do desmonte e da morte. Não há meias-palavras para uma política covarde que tenta se escorar na própria incapacidade e ignorância. Não há meias-palavras para a desinformação deliberada e a mentira como tática de um governo irresponsável que se agarra nas beiras de tudo que é falso.”
A resposta dos artistas ecoam por todos os cantos do país. Fernanda Montenegro critica com veemência a censura imposta por um governo que se contrapõe a tudo o que possa elevar o nível de conhecimento e pensamento crítico das pessoas.
“Sem cultura não há educação e sem educação não há cultura. Eu não entendo o que está acontecendo com este país, com tantos xingamentos. Não há explicação. É uma nova moralidade que condena qualquer estrutura contrária ao seu Deus”, condena a maior atriz brasileira.
Referindo-se aos sucessivos ataques à produção cinematográfica nacional, que impede até o momento a exibição do filme “Marighela”, de Wagner Moura. E corta financiamentos de obras com temáticas LGBT e sobre a nossa negritude.
André Fischer, presidente e fundador do Festival Mix Brasil – o mais importante de temática LGBT do país -, se contrapõe aos cortes feitos pelos bolsonaristas na edição do festival deste ano. “O que perdemos foi só dinheiro”, diz. Porém, “tivemos uma mobilização muito maior, foi a edição com a maior ocupação de salas que a gente já teve e, sem dúvida nenhuma, foi o mais politizado.”
Certamente os filmes que o presidente tem em sua cabeça são os produzidos pela Rede Record de televisão de cunho evangélico-doutrinador, sem nenhuma conexão o com a verdade dos fatos ou com a realidade.
O governo Bolsonaro segue a trilha de grupos como o Estado Islâmico para quem só existe uma cultura possível: a deles. E para se impor destroem a história de outros povos, outras culturas e matam quem pensa diferente.
Mas, “a mesma Alemanha que gerou Hitler para a destruição da humanidade, produziu seu antídoto sintetizado pelo filósofo que não veio para interpretar, mas para transformar o mundo (Karl Marx) e no campo da cultura, pelo genial Eugen Bertholt Friedrich Brecht”, diz José Levino.
Por que a cultura assusta tanto aos conservadores?
Certamente porque exalta a liberdade, a diversidade, o pensamento crítico e os ultraconservadores agem para aniquilar qualquer pensamento que não seja um beija-mão de seus mitos ignorantes e, portanto, farsantes.
Um dos mais importantes cantores e compositores brasileiros, Gilberto Gil postou em seu Twitter que “a arte ilumina, é para ser compartilhada, faz crescer. Por isso, mete medo.” O medo que todo conservador tem de perder o controle da sociedade.
Se levarmos em conta o conceito de cultura do inglês Edward Tylor, para quem a cultura é o conjunto de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis e costumes de uma sociedade, vemos que os ataques bolsonaristas são para destruir a vida pensante do país para criarem um exército de robôs, muito afeitos aos dogmas dos fundamentalistas religiosos e nazistas.
Tentam impor a burrice como a cultura de um povo que tenta sobreviver a qualquer custo em meio à miséria, abandono do Estado e balas quase perdidas nas favelas. Mas como afirma a nonagenário atriz Fernando Montenegro, “nós somos imorredouros. Nós sobrevivemos uma vez. Desta vez, é uma forma assassina.”
Texto em português do Brasil
Receba a nossa newsletter
Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.