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Terça-feira, Julho 16, 2024

América Latina terá mais uma década perdida?

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

O  “Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2019”, divulgado nesta quarta-feira (18), pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), apresenta o pior cenário na economia da região dos últimos 40 anos de 2014 a 2020.

Já são seis anos, entrando para o sétimo, de baixo crescimento econômico e as previsões para 2020 não são otimistas.

O levantamento da Cepal mostra que a região crescerá 0,1% neste ano e tem projeção de 1,3% para 2020. Lembrando que projetava-se 0,5% de crescimento em 2019. “O cenário precisa mudar para que os países latino-americanos voltem a crescer com políticas de combate às desigualdades, que crescem assustadoramente com o neoliberalismo imperando em vários países”, afirma Ivânia Pereira, primeira vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

“O problema”, diz Divanilton Pereira, segundo vice-presidente da CTB, é que “o império norte-americano atua para recuperar terreno na América Latina e por isso intensifica uma política agressiva e intervencionista para recuperar a sua influência política na região”.

De acordo com ele, “as defasagens estruturais e as economias dependentes, onde predomina a exportação de bens primários, criam uma dependência muito grande dos fluxos da situação do mercado internacional”, que no momento não é das melhores.

É “essa limitação econômica que continua criando condições para que ocorram desestabilizações políticas”, sendo o “grande gargalo estrutural que a economia latino-americana ainda não superou”, acentua.

Saiba mais pelo link Balance Preliminar de las Economías de América Latina y el Caribe 2019

Por isso, mesmo depois de vários países latino-americanos viverem experiências democráticas e progressistas com política econômica voltada para os interesses nacionais com combate às desigualdades, o ressentimento da classe média e os interesses mesquinhos da elite econômica proporcionam o campo para a ação de poderosos conglomerados econômicos contra os estados nacionais e contra a classe trabalhadora”, realça Ivânia, poderosos internacionais para pôr fim aos governos livres da tutela do imperialismo.

A Cepal mostra também que a dívida pública saltou de 36,1% em 2014 para 43,2% em 2019. Pondo fim ao discurso de austeridade fiscal para solucionar a crise. Aliás, o neoliberalismo aprofunda as desigualdades e provoca aumento do índice de desemprego que para 2019 deve ficar em 8,2% na América Latina e 8,4% em 2020.

Mesmo países com economias mais desenvolvidas como Brasil, Argentina e México, apesar de “não sofrerem abalos fortíssimos”, diz Divanilton, como países mais dependentes, a renda per capita “cai de uma forma muito acentuada”. Entre 2015 e 2016, “a queda foi de 8% no Brasil e 6% na Argentina nos últimos três anos e queda de 60% na Venezuela”.

Em relação às dívidas públicas, o Brasil (224%) e o Chile (200%) têm os maiores níveis de dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Contando somente a dívida pública, a Argentina lidera com 80,7% do PIB e o Brasil vem em segundo lugar com 78,7%. “Resultado do golpe de 2016 e da falta de projeto de desenvolvimento do atual presidente”, revela Ivânia.

Estima-se ainda que a região terá 191 milhões de pobres no final deste ano. Eram 185 milhões em 2018. Pior ainda é que deveremos ter 72 milhões de latino-americanos na situação de extrema pobreza ainda em 2019. Índices puxados pelo crescimento da pobreza no Brasil, que elegeu um presidente de extrema-direita e atua para destruir o país com políticas antinacionais e antipovo e a Venezuela que enfrente um embargo econômico promovido pelos Estados Unidos.

Os golpes proliferam na região. O mais recente aconteceu na Bolívia que culminou com o exílio do ex-presidente Evo Morales. No Brasil, o golpe ocorreu em 2016 e aprofundou a crise que vinha desde 2015. Jair Bolsonaro trata de afundar o país de vez.

Para a CTB os “países dependentes com limitações estruturais e que têm a economia voltada para a exportação de bens primários precisam da presença do Estado, de empresas fortes, articuladas entre o capital privado e público”. E assim gerarem “demandas próprias e a partir delas ofertas necessárias para que o emprego e as condições sociais dos povos da região possam ser melhoradas”, reforça Divanilton.

Para não termos mais uma década perdida, precisamos reagir com unidade. O povo está nas ruas no Chile, na Argentina o neoliberalismo foi derrotado nas urnas, a resistência ao golpe de Estado na Bolívia se mantém de pé e o Brasil te a sua chance de virar a página se dermos uma resposta contundente votando em prefeitos e vereadores de oposição a Bolsonaro”.


Texto em português do Brasil


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