No Gabão, o petróleo está no centro da política de recuperação.
Um novo código do petróleo, mais atraente para os investidores, tinha sido promulgado em julho passado. Nove contratos de exploração assinados desde agosto e 35 estações offshore colocadas em leilão até janeiro de 2020. O Gabão parece estar a procurar renovar a capacidade de produção de hidrocarbonetos.
Desde 2014, a queda no preço de um barril de petróleo a nível mundial tinha posto em dificuldades o setor de petróleo no Gabão, onde antes era em média o valor de 60% de suas receitas. Sem mencionar a quebra na produção. Toda a economia do país foi afetada por essa crise, à qual se agregou muita incerteza e agitação política ligadas às eleições presidenciais de 2016.
Ali Bongo Ondimba, 60 anos, é presidente do Gabão desde outubro de 2009. Filho de Omar Bongo, que foi presidente do Gabão desde 1967 até sua morte em 2009.
Em Janeiro de 2019 tinha havido uma tentativa de golpe de estado no Gabão, tendo os pretensos rebeldes aproveitado a ausência do Presidente Ali Bongo que tinha tido um acidente vascular cerebral poucos dias depois da sua chegada a Ryad (Arábia Saudita) em 24 de outubro de 2018.
Aquando da segunda edição da conferência da Future Investment Initiative em Riyadh, que sofreu uma onda de retiradas de elementos importantes que deveriam ter estado presentes após as revelações sobre o caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, elementos que se abstiveram de voar para a Arábia saudita. Mas Ali Bongo manteve sua presença naquele “Davos do deserto”
Ali Bongo foi educado num colégio privado em Neuilly,( França) e licenciou-se em Direito na Sorbonne e doutorou-se na Universidade Wuhan, na China. Músico. Em 1977, ele lançou um álbum de funk, A Brand New Man, produzido por Charles Bobbit. Um percurso pessoal diversificado e interessante.
Teve um acidente vascular cerebral há um ano e isso deixou muitas dúvidas sobre as suas capacidades físicas e intelectuais. Esta atual remodelação ministerial, é mais uma de um série delas, e parece ser sinal de que o Presidente retomou as rédeas do poder!
Assim, em 2 de dezembro de 2019 Ali Bongo Ondimba, regressado ao País com a saúde recuperada, fez uma remodelação do governo do Gabão. Os ministros Brice Laccruche Alihanga, Noël Mboumba ( Ministro das Minas, petróleos e Hidrocarbonetos) e Jean-Fidèle Otandault foram demitidos. No mesmo dia o governo do Gabão foi reorganizado. Os ministros demitidos eram responsáveis pela monitorização da estratégia de investimento humano e dos objetivos de desenvolvimento sustentável, do Petróleo e da Agricultura, do Orçamento e contas públicas, ou seja pastas chave.
Brice Laccruche Alihanga, estava citado num caso recente de desvio de fundos públicos.
Durante várias semanas, uma vasta operação policial (Operação Scorpion) tem decorrido no Gabão, sob a liderança do promotor André Patrick Roponat, da qual já resultaram 13 arguidos em prisão preventiva, incluindo o do porta-voz presidencial Ike Ngouni Aila Oyouomi e pelo menos 20 outros políticos sob custódia policial. Durante as audiências, os nomes de Brice Laccruche Alihanga e Noël Mboumba foram mencionados várias vezes.
Ike Ngouoni Aila Oyouomi, porta-voz da presidência também foi demitido e para o cargo foi nomeado Jessye Ella Ekogha. Este foi funcionário do gigante britânico de relações públicas e comunicação WPP, que estava sob contrato com a presidência gabonesa, especialmente durante a eleição presidencial de 2016.
Frequentou a Ecole Spéciale Militaire de Saint–Cyr (França) e é filho do falecido ex-chefe do estado maior Jean-Claude Ella Ekogha.
O Primeiro Ministro, Julien Nkoghe Bekale manteve-se. Bekale é membro do Partido Democrata do Gabão. Ocupou cargos ministeriais sob Ali Bongopai e Omar Bongo, como ministro de petróleo, gás e hidrocarbonetos em 2009 e foi Ministro dos transportes e equipamentos em 2011.
Henri-Claude Oyima: “Nenhum país se desenvolveu graças a um programa do FMI”, declaração feita em 19 de dezembro de 2019.
À frente do BGFIBank há trinta e quatro anos, Henri-Claude Oyima define a estratégia do principal grupo bancário da África Central.
Observador informado da economia, presidente da Confederação dos Empregadores do Gabão (CPG) de 2003 a 2013, Henri-Claude Oyima, 63 anos, analisou para o Jeune Afrique a situação económica do Gabão e da Cemac ( Comunidade Económica dos Estados da África Central) e a eficiência ( questionável) das políticas económicas ao investimento estrangeiro (menos eficazes do que geralmente se imagina).
Quem me leu até aqui neste artigo de pesquisa do que eu chamaria novas realidades africanas está ou não surpreendido com aquilo que a mim me parece ser um exemplo da independência de África.
Exemplos que as notícias portuguesas, vocacionadas para o futebol e questões de lana caprina, nunca nos falam.
A Gabon Oil Company, também conhecida como GOC ou Gabon Oil, é a empresa nacional de exploração e produção de petróleo e gás que pertence 100% à República Gabonesa. A Companhia foi criada em 24 de agosto de 2011 pelo Decreto Presidencial.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90