A fronteira saharaui de El Guerguera, nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, foi encerrada seta-feira por iniciativa de organizações saharauis que rejeitam a passagem do Rally Africa Eco Race.
Um grupo de cidadãos saharauis mantém fechada a passagem entre as fronteiras do Sahara Ocidental e da Mauritânia para impedir a entrada do chamado Rally “Afria Eco Race” que ignorou os avisos da Frente Polisario e da República Saharaui pelo terceiro ano consecutivo. Segundo o ”Jornal A Realidade Saharaui – DLRS” que contactou activistas saharauis, que indicaram que esta é uma iniciativa da Comunidade Saharaui na Mauritânia, nos campos de refugiados saharauis e dos territórios ocupados.
As Nações Unidas que se mantêm silenciosas perante as numerosas violações de direitos humanos nos territórios ocupados perpetuadas por Marrocos decidiram enviar
veículos da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) ontem para analisar a situação. O que significa na prática que estão mais preocupados com a realização de uma prova desportiva do que com o sofrimento diário da população saharaui que está exposta a um regime de apartheid violento.
Os funcionários da MINURSO entraram em contacto com os organizadores da iniciativa, que lhes entregaram uma carta de condenação e rejeição à passagem do Rally Africa Eco Race. Nessa carta os organizadores alertam as Nações Unidas sobre as consequências e da realização desta prova que viola claramente o acordo de cessar fogo num território que se encontra numa situação de conflito e com a presença das Nações Unidas.
Dezenas de saharauis ergueram tendas, levantaram as bandeiras da República saharaui e cortaram o caminho para as fronteiras da Mauritânia.
Perante o impasse da resolução do conflito e a clara falta de actuação das Nações Unidas para proteger a população saharaui os saharauis dos territórios ocupados buscam novas forma de resistência. Este encerramento da fronteira é apoiado pelos saharauis dos territórios ocupados e faz parte da diversidade da luta contra a ocupação marroquina e a inoperância das Nações Unidas.
O Rally está desde ontem na cidade saharaui ocupada de Dakhla, em período de descanso e está programado a passagem da região de El Guerguerat no domingo, ignorando os avisos dos saharauis. É aí que eles vão encontrar a passagem encerrada e os participantes da prova serão confrontados com uma realidade bem diferente daquela vendida pela administração da ocupação marroquina.
É hora de responder ao mundo, aos franceses, espanhóis e às Nações Unidas que basta de atropelar os nossos direitos e abusar da nossa paciência. Eles estão a forçar-nos a tomar iniciativas fortes e diversificar a nossa luta. Acreditavam que já não existíamos, até os franceses já estão a fazer negócios diretamente no nosso território ocupado, independentemente do conflito e do sofrimento da população saharaui. A Frente Polisario deve agir e não nos deixar pisar pelas Nações Unidas e pela França”.
Na terça-feira passada, a Frente Polisario enviou uma carta ao Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, na qual denuncio a violação do acordo militar nº1 que o Rally Africa Eco Race está a causar pelo terceiro ano consecutivo e alertou os organizadores sobre as consequências. Os organizadores receberam o comunicado saharaui onde solicitaram a várias personalidades e organizações que impeçam a sua passagem pelo território saharaui sem autorização da Frente Polisario e do governo saharaui.
Este novo impulso no conflito levou o representantes saharaui na ONU, Dr. Sidi Mohamed Omar, a reunir-se na sexta-feira na sede da ONU em Nova Iorque com o Subsecretário-Geral de Assuntos Políticos e Construção da Paz para abordar a questão desta nova crise causada por Marrocos e pela organização do Rally Eco Race Africa.
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