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Domingo, Novembro 24, 2024

Cantora Iza denuncia racismo estrutural no Domingão do Faustão

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Durante o quadro Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão, neste domingo (12), a cantora Iza denunciou o racismo institucional e o assédio sofrido pelas mulheres nas ruas, no transporte público, no ambiente de trabalho, em todos os lugares.

De acordo com a cantora, antes de ficar famosa, quando “ia para o meu trabalho” sofria cantada pelo caminho. E todas as mulheres passam por isso todos os dias, denunciou a cantora carioca. Ela foi mais fundo ainda ao falar sobre racismo. Para ela, “A gente precisa se ver nos lugares para saber que a gente pode estar onde quiser estar”.

Quando o apresentador falou sobre meritocracia, ela respondeu que “existe uma lacuna social de oportunidades e de preenchimento de vagas muito grande” porque o mercado de trabalho precisa “olhar para nós (negros) como pessoas capazes”.

Assista o desabafo de Iza

Para Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “é muito importante quando uma artista popular se posicione contra o racismo para chamar atenção da sociedade sobre essa perversidade”.

Ela lembra que em dezembro passado, a Advocacia-Geral da União enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal contra a possibilidade de estados e municípios criarem feriados da Consciência Negra, com a alegação de que somente a União e o Congresso podem fazer isso e que esse feriado pode interferir nas relações de trabalho.

“Não tem novidade nesse tipo de atitude desse governo, que nunca escondeu seu cunho racista, machista, e LGBTfóbico”, por isso “quer varrer da sociedade toda e qualquer referência das vitórias constituídas na última década”, acentua. “Na história de nosso país nunca o racismo foi tão aberto e apoiado por um governo”.

O Dia Nacional da Consciência Negra foi criado em 2003 em homenagem a Zumbi, último e mais importante líder do Quilombo dos Palmares, que durou cerca de um século. A data escolhida foi 20 de novembro porque nesse dia, em 1695, Zumbi foi morto e o quilombo aniquilado na maior força empreendida pela corte portuguesa para pôr fim à revolta contra o escravismo. A instituição oficial da data ocorreu pela Lei 12.519, de 2011.

Os setores reacionários da sociedade sempre questionaram essa data, tanto que não é um feriado nacional, cabendo a cada município ou estado oficializá-lo. Pouco mais de mil dos mais de cinco mil municípios e apenas cinco estados instituíram o feriado do Dia Nacional da Consciência Negra.

Negar o dia 20 de novembro, vai para além de negar a história da população negra no Brasil, é negar também toda uma política de Estado desenvolvida em governos democrático. É reafirmar a política do atraso e do fascismo”.

“Por que será que a violência contra as populações chamadas de minorias aumentaram tanto nos últimos 2 anos?”, questiona Mônica. “Quem vai pensar em salário igual para trabalho igual num cenário de desalento, desemprego e precarização do trabalho?”

A sindicalista carioca reafirma a luta antirracista. “A população negra, maioria no país, seguirá resistindo, se reinventando e lutando por direitos. Queremos viver toda a nossa plenitude com igualdade de oportunidades e construirmos a igualdade no futuro”.


Texto em português do Brasil


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