Em um contexto de crise econômica, desemprego e falta de investimentos, governo desperdiça a oportunidade de dialogar com líderes no Fórum Econômico Mundial.
Na quarta-feira (8), o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou o cancelamento da ida de Jair Bolsonaro ao Fórum Econômico Mundial de 2020, em Davos (Suíça), que será realizado entre os dias 21 e 24 de janeiro. Com justificativas genéricas, o governo dispensa a oportunidade de estabelecer diálogos com líderes mundiais e chefes das maiores empresas do mundo, enquanto o Brasil amarga uma crise econômica com altos índices de desemprego e ocupação precária, e baixa de investimentos.
De acordo com o G1, Rêgo Barros declarou que as motivações para o cancelamento seriam diversas. “O presidente e os assessores analisaram uma série de aspectos: aspectos econômicos, aspectos de segurança, aspectos políticos. E o somatório desses aspectos, quando levados à apreciação do presidente, lhe permitiu avaliar que não seria o caso, neste momento, de participar desse fórum”, afirmou o porta-voz.
Dias antes, na segunda-feira (6), Bolsonaro havia sido ainda mais impreciso ao explicar a possibilidade de não participar do evento. Na ocasião ele disse que “o mundo tem seus problemas, questão de segurança”. O Fórum de Davos acontece há 50 anos. Em 2020, entre os temas de debate estarão “Economias mais justas”, “Como salvar o planeta”, “Futuros saudáveis” e “Tecnologia para o bem”.
Sucessão de vergonhas
No ano passado, os jornais do mundo todo noticiaram o fracasso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial. A cobertura da imprensa internacional expôs a brevidade e ausência de conteúdo da fala do presidente brasileiro.
No Washington Post, o editor da newsletter de política internacional, Ishaan Tharoor, publicou artigo onde afirmou categoricamente que “o novo presidente do Brasil fracassa em sua estréia no exterior”. Segundo ele, o discurso decepcionou. “Bolsonaro falou por pouco menos de 10 minutos, entregando um discurso que observadores classificaram como “sem vida” e “engessado”.
No site do jornal inglês The Guardian, ganhou destaque na manchete o fato de que a “estreia em Davos de Bolsonaro foi ofuscada pelo crescente escândalo em torno do filho”. O texto afirmou que “sua aparição amplamente criticada no Fórum Econômico Mundial na terça-feira foi ofuscada por um escândalo que já cresce como bola de neve envolvendo um de seus filhos, o recém-eleito senador Flávio Bolsonaro”.
A agência Reuters publicou matéria destacando que “em sua primeira aparição no exterior desde que assumiu o cargo, o novo presidente do Brasil na terça-feira fez um discurso breve e vago para vender um ‘novo’ Brasil”. O texto ainda afirmou que “ele quase não deu detalhes e não mencionou a previdência, o maior problema que seu governo terá que resolver”.
O jornal New York Times publicou matéria afirmando que “Bolsonaro é a face do populismo no Fórum de Davos”, descrevendo como o brasileiro tenta aproximar sua imagem à de Donald Trump, e classificando seu discurso como “breve” e “recebido com aplausos superficiais”.
A sucessão de vergonhas, seja pela participação pífia em um dos encontros econômicos mais importantes do mundo, em 2019, seja pelo cancelamento da ida, em 2020, deixa o Brasil fragilizado em negociações internacionais.
Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado