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Terça-feira, Julho 16, 2024

A doce e indobrável Maria Prestes

José Carlos Ruy, em São Paulo
José Carlos Ruy, em São Paulo
Jornalista e escritor.

Maria do Carmo Ribeiro Prestes é assim – uma revolucionária doce, ampla, sem preconceitos mas com a firmeza e convicção adquiridas em mais de oito décadas de luta  pela democracia e o socialismo.

Quando a camarada Ana Prestes (que é neta de Luiz Carlos Prestes) decidiu se filiar ao PCdoB, no início dos anos 2000, conversou com sua avó. Afinal, o PCdoB era o outro Partido Comunista no Brasil, e concorria com aquele que gravitou desde 1961 em torno de seu avô, e Ana Prestes queria saber a opinião de sua “abuela”, viúva do “Cavaleiro da Esperança”.  O partido é de luta, está ao lado do povo, quis saber D. Maria. Então vá, disse, encorajando a neta.

Maria do Carmo Ribeiro Prestes é assim – uma revolucionária doce, ampla, sem preconceitos mas com a firmeza e convicção adquiridas em mais de oito décadas de luta  pela democracia e o socialismo.

Pernanbucana de Pesqueira, nem tinha completado os dez anos de idade e já acompanhava o pai em atividades do partido, distribuindo panfletos em porta de fábrica, lutando pela liberdade de presos políticos e outras atividades, sobretudo aquela que, na época, era central – a luta contra o nazismo e o fascismo.

Depois que o Partido foi posto na ilegalidade, em 1947, mudou para São Paulo, em companhia dos pais, João Rodrigues Sobral, o “Camarada Lima”, e Mariana Ribas Pontes, ambos militantes do Partido Comunista do Brasil, cuja sigla à época era PCB. Continuou a ajudá-los nas atividades de reorganização do Partido, sendo uma militante de grande confiança da direção partidária que, naquela ocasião recebeu a tarefa de ser a caseira de um dirigente que estava na clandestinidade – responsável, entre outras coisas, por sua segurança.

O dirigente era Luiz Carlos Prestes, e Maria fala com bom humor da surpresa que teve ao conhecê-lo. Imaginava um homem alto e forte, mas – conta – era pequeno, magrinho. “Fiquei decepcionada”, diz, rindo. Mas logo se apaixonaram e, em 1952 se casaram. “Foi ao lado dele que vivi 40 anos, inicialmente na clandestinidade, em São Paulo, depois em várias cidades do país e até no exterior”, como em Moscou, conta.

Luiz Carlos Prestes e sua companheira Maria (à esquerda com criança no colo) junto com filhas e filhos

É mãe de sete dos oito filhos de Luiz Carlos Prestes. A mãe da mais velha, Anita Leocádi, é outra mulher lendária, Olga Benário Prestes.

Teve uma vida difícil e feliz, como relata em “Meu Companheiro – 40 anos ao lado de Luiz Carlos Prestes”. Foi uma vida marcada por perseguições, clandestinidade e exílio – mas nunca perdeu nem o bom humor nem a confiança no socialismo e na luta do povo.

Essa doce e bem humorada revolucionária completa 90 anos de idade neste domingo 2 de fevereiro. Maria Prestes continuará o exemplo de lutadora firme e indobrável  para gerações de brasileiros. Longa vida, Maria Prestes!


Texto em português do Brasil


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