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Terça-feira, Julho 16, 2024

Jared Kuschner, monocórdico desmultiplica-se em entrevistas

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Defende o Plano do Século que redigiu!

Jared Kushner deu uma entrevista a Fareed Rafiq Zakaria, reporter da CNN.

Zacaria, 58 anos, natural de Bombaim, Índia.

Este experiente e considerado jornalista em um Bacharelado em Artes pela Universidade de Yale em 1986, presidiu à União Política de Yale, foi editor-chefe do Yale Political Monthly. Tem um Ph.D. da Universidade de Harvard em 1993, onde estudou com Samuel P. Huntington e Stanley Hoffmann, bem como com o teórico das relações internacionais Robert Keohane. É considerado um dos vinte cinco mais influentes comentadores políticos dos EUA.

Jared C. Kushner é empresário americano, promotor imobiliário e editor de jornais que se atualizou (ou metamorfisou) em consultor sénior do sogro, Donald Trump, actual presidente dos Estados Unidos.

Kushner é o filho mais velho do ex-promotor imobiliário Charles Kushner, filho de imigrantes judeus da URSS, e  casado com Ivanka Trump, filha do presidente Trump e colega também muito consultora. Depois da condenação e prisão do pai por fraude, Jared tornpou-se administrador da empresa imobiliária Kushner Companies e assim iniciou sua carreira nos negócios. Mais tarde, comprou a Observer Media, editora do New York Observer. Dono de uma plataforma on-line de investimentos imobiliários.Durante a campanha presidencial de Trump em 2016, Kushner ajudou a desenvolver e executar a estratégia de informação digital de Trump. Em 9 de janeiro de 2017, foi nomeado consultor sénior da Casa Branca. Tinha provado ser uma mais-valia.

Kushner explicou na entrevista dada na CNN que os Palestinianos devem aceitar as condições do plano do Oriente Médio para obterem um Estado.

Para as autoridades palestinianas estes comentários do consultor de Trump nesta entrevista são claros e curtos: “Esta é a arte do ditado, da arrogância e da chantagem”.

Jared Kushner

Jared Kushner, também disse que Israel não deveria reconhecer um estado palestino se os palestinos não cumprirem algumas condições do plano de paz do governo dos EUA no Oriente Médio, informou a CNN na segunda-feira.

Kushner foi convidado pelo Fareed Zakaria da CNN sobretudo para esclarecer quais as condições que o plano estabelece para os palestinianos antes que o governo Trump lhes permita estabelecer um estado.

Além disso, na entrevista Zakaria enfatizou que “nenhum país árabe” concorda com as tais exigências que os palestinianos deveriam cumprir nos próximos quatro anos – incluindo garantia de liberdade de imprensa, eleições livres e justas, respeito pelos direitos humanos de seus cidadãos e um sistema judicial independente, além de instituições financeiras transparentes, independentes e dignas de crédito estabelecidas, capazes de se envolver em transações no mercado internacional.

Se todas estas condições não simbolizam as ordens de um estado todo poderoso para com o seu lacaio, não me lembro de que outros termos de comparação utilizar.

Mas isso é o mesmo que dizer aos Palestinianos que nunca vão ter um estado, não concorda? _perguntou candidamente Zakaria. Até porque se os países árabes não apoiam essas condições elas são apenas uma forma de ganhar tempo e amordaçar as aspirações do povo palestiniano.

Lutando com alguma dificuldade para para responder, Jared Kusnher declarou que achava que estas exigências eram mínimas.

E adiantou mais:”O senhor pensa que esses critérios não são os melhores?

Pois, mas quem não respeitar os direitos humanos, não permitir que as pessoas falem livremente.. disse Kushner, que acrescentou:

_ Então como vamos conseguir que Israel faça concessões numa disputa territorial?”

Portanto a questão israelo-palestiniana seria nada mais do que uma disputa territorial!!

Kushner acrescentou que Israel foi atacada muitas vezes ao longo da história”_ e eu pergunto-me se Jared Kushner tem ideia que esta história foi iniciada pela criação do estado de Israel em 1948, por votação nas Nações Unidas.

Argumenta que os palestinianos estão presos sob as regras, talvez criadas por eles mesmos, chamando a Autoridade Palestina de “estado policial”, ou seja “não exatamente um democracia próspera”.

Numa outra longa entrevista na TV egípcia, dada a Amr Adib no MBC Masr’s Al Hikaya programa político Kushner atacou Saeb Erekat alto funcionário palestino nessa entrevista dizendo que o principal negociador era pessoalmente responsável por não conseguir um acordo com Israel nos últimos 25 anos e até acrescenta que status quo é a expansão contínua de Israel. Insistiu que esta é a grande janela de oportunidade de os palestinianos terem uma Pátria.

Kushner repete monocórdicamente em todas as entrevistas em que se desmultiplica que o seu plano é a última oportunidade para a criação de um estado palestino com alguma contiguidade.

E ainda acrescenta que reconhecimento norte-americano das construções ilegais de israelitas em território palestiniano seria a moeda de troca para Israel interromper a expansão dos mesmos e que “se não fizermos isso, Israel continuará a crescer nesse ritmo e nunca haverá uma oportunidade de criar um Estado palestino”.

Porque já não haverá mais território nenhum, digo eu.

Críticos do plano, incluindo a liderança palestiniana e a Liga Árabe, dizem que o suposto Estado palestiniano desenhado neste plano é impraticável e carece dos instrumentos de Estado.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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