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Terça-feira, Julho 16, 2024

Israel, Eleições dia 2 de Março na calha

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Começo pelos lideres dos principais partidos políticos.

Quem é Benny Gantz, candidato às eleições presidenciais pelo partido Azul e Branco ou Israel Resilience, cores da bandeira israelita? Este partido Azul e Branco é uma aliança política centrista e liberal em Israel. E define-se como um partido pluralista que representa todos os cidadãos nos espectros político e religioso.

Gantz é um político israelita que foi militar. Foi Chefe do Estado Maior das Forças de Defesa de Israel de 2011 a 2015. Em dezembro de 2018, criou o partido político que lidera.

Prometeu formar um governo que não incluirá nem o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nem os partidos predominantemente árabes do Parlamento.

Numa série de entrevistas na televisão, duas semanas antes das eleições nacionais, Gantz procurou projetar confiança de que a votação de 2 de março fornecerá o resultado decisivo que permitirá escapar aos mesmos resultados das duas eleições anteriores de 2019, das quais não foi possível sair um governo.

Este partido Azul e Branco de Gantz está nas actuais projeções à frente do Likud de Netanyahu, embora nenhum pareça ter uma ideia clara sobre como formar uma maioria parlamentar necessária para formar um governo de coligação.

Formado para concorrer nas eleições de abril de 2019 do Knesset em coligação com o Yesh Atid( um partido centrista fundado por Yar Lapid) e o Telem (centro direita, formado em 2019 por Moshe Ya’alon) na esperança de derrotar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Os princípios centrais da plataforma do partido Azul e Branco incluem: introdução de limites de mandatos ministeriais primários, proibição de políticos indiciados como suspeitos de servirem no Knesset, alteração da Lei do Estado-Nação para incluir minorias israelelitas, investimento na educação infantil, expansão dos cuidados de saúde e reabilitação. Negociações com a Autoridade Palestina para um acordo de paz.

O partido LIKUD de Benjamin Netanyahu é um Movimento Liberal Nacional,de centro de direita, secular, fundado em 1973 por Menachem Begin e Ariel Sharon numa aliança com vários outros partidos de direita. A vitória esmagadora do Likud nas eleições de 1977 foi uma importante viragem na história política do país, pois foi a primeira vez que a esquerda perdeu o poder e um partido de direita ganhou a maioria de votos. Governou o país na maior parte da década de 1980, e perdeu as eleições para o Knesset em 1992. Benjamin Netanyahu, como candidato do Likud ganhou a eleição para primeiro-ministro em 1996 e formou governo que caiu após um voto de desconfiança, que levou à convocação de eleições em 1999 e fez o Likud perder o poder na coligação One Israel liderada por Ehud Barak. Em 2001, Ariel Sharon, do Likud, que substituiu Netanyahu após as eleições de 1999, derrotou Barak em uma eleição convocada pelo primeiro-ministro após a sua demissão. Obteve uma vitória nas eleições de 2003, depois sofreu uma rutura interna grave em 2005, quando Sharon saiu para formar o partido Kadima. O Likud caiu para quarto partido e perdeu de 28 assentos parlamentares. Após as eleições de 2009, o Likud conseguiu 15 assentos e, com Netanyahu de volta ao controle do partido, formando então uma coligação com outros partidos de direita, o Yisrael Beiteinu e o Shas para assumir o controle do governo do Kadima, que ganhou pluralidade, mas não a maioria. Netanyahu é primeiro-ministro desde então e o Likud foi o principal candidato em todas as eleições até abril de 2019, quando empatou com Azul e Branco de Gantz em setembro de 2019.

Ayman Odeh

A Lista Conjunta, liderada por Ayman Odeh é uma aliança política dos principais partidos de maioria árabe em Israel: o Balad, o Hadash, o Ta’a e uma Lista Árabe Unida. Esta aliança era a terceira força política no Knesset após as eleições de 2015. Em janeiro de 2019, o Ta’a separou-se da aliança e a restante coligação foi dissolvida em 21 de fevereiro de 2019. A Lista Conjunta foi oficialmente restabelecida em 28 de julho para as eleições de Setembro de 2019 nas quais foram novamente a terceira maior facão política.

O Shas é um partido político religioso haredi em Israel.Fundado em 1984 sob a liderança do rabino sefardita Ovadia Yosef, seu líder espiritual até à sua morte, em outubro de 2013. O partido trabalha para acabar com o preconceito e a discriminação contra a comunidade sefardita e Mizrahi e destaca questões económicas e de justiça social. Originalmente um pequeno grupo político étnico, o Shas é atualmente o quarto maior partido de Israel no Knesset. Desde 1984, faz quase sempre parte do governo, seja com o Partido Trabalhista ou com o Likud. A partir de 2019, os membros do Shas fazem parte do Likud no governo.

O Yisrael Beiteinu é um partido político nacionalista secular em Israel. A base do partido era originalmente israelita secular de língua russa, embora o apoio desse grupo demográfico esteja em declínio. O partido seguidor do ideário do fundador do sionismo revisionista. Representou principalmente os imigrantes da antiga União Soviética, embora tenha tentado expandir o seu apelo a outros israelitas. É uma linha dura em direção ao processo de paz e à integração dos árabes israelitas. Reconhece a solução de dois estados, a criação de um estado palestino que incluiria uma troca de algumas partes de Israel amplamente habitadas por árabes por partes amplamente habitadas por judeus da Cisjordânia. O partido conquistou 15 lugares nas eleições de 2009, e agora é o terceiro maior partido no Knesset. Nas eleições de setembro de 2019, o partido conquistou mais oito representantes.

Estes partidos são aqueles cuja votação atinge os 7%.

 Além destes há mais 5 pequenos partidos com 21 assentos parlamentares, que podem ser importantes para formar coligações que viabilizem um governo.

As eleições legislativas para o novo Knesset serão realizadas em Israel em 2 de março de 2020. Convocadas em 11 de dezembro de 2019, devido ao fracasso contínuo de todas as partes em formarem governo (as eleições anteriores foram realizadas em setembro e abril de 2019.) Estas sucessivas dificuldades cansam o comum dos mortais israelitas. As eleições parecem uma enxaqueca crónica.

Ninguém quer receber mais correio, nem mais informações sobre atos eleitorais. As pessoas comuns querem viver e não querem enfrentar tanta desestabilização. Já poucos acreditam que estas eleições os façam sair deste polvo em que se transformou a política. Sabendo que Benjamin Netanyahu e Naftali Bennett não serão os comparsas mais bem vistos e que o espectro da corrupção mostra que o rei vai cada vez mais nu, as eleições não podem ser uma festa a menos que sejam um carnaval.

Ayman Odeh da Lista Conjunta, desafia Benny Gantz, que, só agora, tardiamente, se afastou da ideia desprezível de transferir o triângulo das comunidades árabes no centro do país para a soberania palestiniana, como proposto no plano de Trump.

A declaração de Odeh de que a Lista Conjunta, que ele chefia, “não apoiará” um governo no qual entre Lieberman, membro do Yisrael Beiteinu não é um fait divers. Deixa em aberto a possibilidade de abstenção (ou, mais provavelmente, de estar ausente do plenário de Knesset), se o bloco de Azul e Branco de Gantz conseguir reunir uma “maioria judaica” (noção ofensiva que possibilitaria a formação de um governo minoritário).

A esperança dos eleitores parece ser que o imperativo de Gantz seja tirar Netanyahu do cargo. Parece que governo de Gantz seria um pequeno inferno, e Netanyahu como primeiro ministro por outro mandato seria o inferno total.

O evento mais significativo desta semana, que não está sujeito a interpretações e especulações, foi a seleção dos três juízes que ouvirão os casos nos quais o primeiro ministro é réu. Finalmente haverá um julgamento. Netanyahu estará no banco dos réus ao lado de seus parceiros nas acusações e terá de dizer se declara culpado ou não pelas acusações contra ele: suborno, fraude, quebra de confiança.

Faltando semanas para a eleição de Israel, Gantz tenta fazer conversações para formar governo sem partidos árabes. O Likud acredita que amarrar o líder Azul e Branco à lista conjunta frustrará seus esforços para conquistar de dois a três assentos de eleitores de direita.

Benjamin Netanyahu vai levando água ao seu moinho, dizendo que Gantaz não consegue formar governo sem o apoio da Lista Conjunta tentando minar as propostas Azuis e Brancas.

“Vamos aplicar a lei israelita aqui”, disse Netanyahu durante uma excursão ao vale do Jordão esta semana. ” Mas Gantz nunca o fará. Ele recebeu o veto de Ahmad Tibi, líder do Movimento Árabe para a Mudança, que lhe disse: ‘Se você anexar, não será o primeiro-ministro’. E quando Gantz fala sobre uma operação em Gaza, Ahmad Tibi corta-lhe o pio!

Gantz tenta escudar-se dizendo que “A lista conjunta que vai a eleições não pode fazer parte do governo que formarei”, disse Gantz na terça-feira. “Minhas divergências com sua liderança em questões nacionais e de segurança são profundas, duras e inconciliáveis”.

Mas Gantz pode formar um governo sem a participação árabe? Azuis e Brancos insistem que isso é possível! E assim Benny Gantz, ataca as esperanças dos democratas israelitas – judeus e árabes – que anseiam por uma mudança naquilo que consideram a perigosa direção política de Israel.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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