A China, voluntariamente ou não, desencadeou um jogo de que ainda ignoramos quem será o vencedor mas de que já sabemos o resultado final: a mudança radical do tabuleiro actual.
Depois do “chinavirus”, “coronavirus”, “covis 19” ou qualquer ouro nome que lhe queiram chamar e quer Pequim consiga ou não impedir a OMS de o considerar “pandemia”, depois desta peste gerada no coração da “globalização” nada ficará como dantes e o mundo será outro.
Se a “peste negra” chegou à Europa pelas velhas rotas da seda (e liquidou mais de metade da sua população de então…), este último “chinavirus” nem precisou de que o projecto das novas rotas da seda estivesse terminado para atacar em todos os continentes, disruptar circuitos económicos e cadeias logísticas globais e tornar num inferno a vida das sociedades desenvolvidas do Ocidente.
Anunciado por Pequim no final de 2019 (há quem demonstre que já grassava na China desde Janeiro 2019 e só a denúncia temerária de 8 médicos do hospital de Wuhan deixou o governo chinês sem margem para continuar a ocultá-lo…), o “coronavírus” pode ser visto como o “presente” de Ano Novo que a China ofereceu ao mundo, que o aproveita para desencadear uma reestruturação total.
Marx deliciar-se-ia a analisar o suicidário modelo de “desenvolvimento” da China: as formas como mobiliza o seu infindável “exército industrial de reserva” para garantir as vantagens competitivas de dumpings sociais, as formas como se relaciona com o seu quadro físico para garantir as vantagens competitivas de dumpings ambientais, as formas de relacionamento tributário que impõe aos estados mais fracos para consolidar o seu estatuto de super-potência, enfim, toda a parafernália do seu “modo de produção asiático” (como diria o velho Karl Heinrich) sempre enroupada no ‘pronto a vestir’ do reaccionário confucianismo.
Quem não viu despontar no horizonte este ‘cisne negro’ que ao menos tente agora antecipar as suas próximas (e também as mais longínquas) consequências. Porque elas vão ser pesadas e imensas. O jogo já mudou, o novo tabuleiro e as novas regras estão a compor-se.
Exclusivo Tornado / IntelNomics