O Pentágono ordenou à sua guarda pretoriana que planeasse uma escalada dos combates americanos no Iraque, emitindo, na semana passada, uma diretiva para preparar uma campanha destinada a destruir um grupo de milícias, supostamente apoiado pelo Irão que, dizem os americanos, ameaçou mais ataques contra as tropas ocupantes.
Mas o principal centurião dos Estados Unidos no Iraque alertou que essa campanha pode ser sangrenta e contraproducente e corre o risco de guerra aberta com o Irão.
Num memorando contundente e sem margem para graças, na semana passada, o comandante, general Robert P. White, escreveu que uma nova campanha militar exigiria que mais uns milhares de tropas americanas fossem enviadas para o Iraque e desviasse recursos do que tem sido, supostamente, a principal missão militar americana lá: treinar tropas iraquianas para combater o Estado Islâmico.
A diretiva do Pentágono e a resposta do general White – ambas comunicações militares internas classificadas – foram descritas por várias autoridades americanas que tiveram conhecimento direto de seu conteúdo. A troca de invetivas decorre no meio de uma luta fervorosa dentro do governo Trump sobre qual a futura a política em relação ao Irão e o curso da guerra americana no Iraque, que começou há pouco mais de 17 anos atrás.
Algumas autoridades, incluindo o secretário de Estado Mike Pompeo e Robert C. O’Brien, assessor de segurança nacional, vêm pressionando por novas ações agressivas contra o Irão e as suas proxy/forças – e veem, pelo binóculo, uma oportunidade de tentar destruir grupos de milícias que não são as que apoia.
Aproveitando a aflição que o Covid 19 lançou no Irão, líderes militares, incluindo o secretário de Defesa Mark T. Esper e o general Mark A. Milley, presidente do Estado Maior Conjunto, têm receio de uma forte escalada militar, alertando que pode desestabilizar ainda mais o Oriente Médio no momento em que o presidente Trump disse que espera reduzir o número de tropas americanas na região. Ainda assim, autoridades americanas disseram que Esper autorizou o planeamento de uma nova campanha no Iraque – mesmo quando os militares estão a regressar a casa e diminuem a sua presença no combate ao terrorismo – para oferecer opções a Trump no caso previsível de grupos de milícias apoiados pelo Irão intensificarem os seus próprios ataques contra tropas americanas (teriam confidenciado dois altos funcionários da Casa Branca).
Durante uma reunião do Salão Oval em 19 de março, Trump não tomou uma decisão sobre a possibilidade de autorizar a nova campanha no Iraque, mas permitiu que o planeamento continuasse, segundo autoridades americanas.
Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional recusou-se a comentar. Sean Robertson, porta-voz do Pentágono, disse num comunicado:
“A Operação Inherent Resolve está no Iraque a “convite do governo iraquiano” (??) e continua focada na parceria com as forças de segurança iraquianas com o objetivo comum de derrotar permanentemente os remanescentes do ISIS. Não vamos discutir hipóteses ou deliberações internas.”
Eu não percebi quando e qual governo iraquiano convidou os americanos para lá assentarem arraiais. Teria sido em 19 de março de 2003?
O debate continuará, entre os Prós e os Contras, já que as principais autoridades do Pentágono e altos comandantes em todo o mundo também estão a expressar preocupações crescentes sobre os casos de coronavírus a expandir-se rapidamente nas fileiras militares, ameaçando potencialmente a capacidade das forças armadas de enviar tropas prontas para o combate.
Talvez para fazer o contraponto do bom senso. E ainda bem!
O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu esta terça-feira uma estratégia mundial concertada e coordenada para combater a propagação do novo coronavírus, alertando para as potenciais consequências trágicas desta pandemia que é, essencialmente, “uma crise humana”.
Mas muitos humanos ainda não perceberam a mensagem que nos está a chegar do futuro.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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