Em meio ao combate à pandemia do coronavírus, a música popular brasileira perdeu um de seus grandes representantes.
Riachão (Clementino Rodrigues) morreu na segunda feira (30). Aos 98 anos, sobrava energia ao compositor e cantor baiano que estava trabalhando em um disco com músicas inéditas ainda para este ano.
Cada Macaco No Seu Galho, de Riachão, cantam Caetano Veloso e Gilberto Gil
A sua música mais conhecida foi lançada por Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1972. “Cada Macaco no Seu Galho” traduz o anseio por liberdade num dos período mais obscuros da história do Brasil, com Garrastazu Médici na Presidência, durante a ditadura (1964-1985).
Uma homenagem a quem viveu de sua arte, marginalizado por um sistema corrosivo e contra a arte. Riachão deixa cerca de 500 canções para o rico acervo da música popular brasileira. Morreu dormindo, diz a família, talvez sonhando em completar 100 anos no ano que vem. Não mais. Sua arte fica para a alegria da cultura popular.
Cada Macaco No Seu Galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugar
Xô xuáCada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugarNão se aborreça moço da cabeça grande
Você vem não sei de onde
Fica aqui não vai pra lá
Esse negócio da mãe preta ser leiteira
Já encheu sua mamadeira
Vá mamar noutro lugarXô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugarNão se aborreça moço da cabeça grande
Você vem não sei de onde
Fica aqui não vai pra lá
Esse negócio da mãe preta ser leiteira
Já encheu sua mamadeira
Vá mamar noutro lugar
Xô xuá
Cada macaco no seu galhoXô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugarXô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
Latinoamérica (América Latina), de Eduardo Cabra, Rafael Rafa Arcaute e René Pérez; interpretação do grupo Calle 13 (tradução)
“Latinoamérica” (América Latina), do grupo porto-riquenho Calle 13 (Rua 13 em português) nos remete à dureza da vida na América Latina tão maltratada por uma elite egoísta e rancorosa ao unir-se ao imperialismo e oprimir a todos nós latino-americanos.
“Minha pele é de couro, por isso aguenta qualquer clima
Eu sou uma fábrica de fumaça
Mão de obra camponesa, para o seu consumo”
O trio que mistura rap, rock, sons de Porto Rico e música latino-americana, fez uma edição em quarentena desta canção para cantar a unidade latino-americana neste momento crucial da vida de todo mundo. Ao mesmo tempo cantar a resistência ao capitalismo causador de desigualdades e adoecimentos.
Latinoamérica (América Latina)
Eu sou, eu sou o que sobrou
Sou todo o resto do que roubaram
Um povo escondido no topo
Minha pele é de couro, por isso aguenta qualquer clima
Eu sou uma fábrica de fumaça
Mão de obra camponesa, para o seu consumoFrente fria no meio de verão
O amor nos tempos do cólera, meu irmão!
Eu sou o sol que nasce e o dia que morre
Com os melhores entardeceres
Sou o desenvolvimento em carne viva
Um discurso político sem saliva
As mais belas faces que conheciSou a fotografia de um desaparecido
O sangue em suas veias
Sou um pedaço de terra que vale a pena
Uma cesta com feijão, eu sou maradona contra a Inglaterra
Marcando dois golsSou o que sustenta minha bandeira
A espinha dorsal do planeta, é a minha cordilheira
Sou o que me ensinou meu pai
O que não ama sua pátria, não ama a sua mãe
Sou américa latina, um povo sem pernas, mas que caminha
Ouve!Toto la momposina:
Você não pode comprar o vento
Você não pode comprar o sol
Você não pode comprar chuva
Você não pode comprar o calorMaria Rita:
Você não pode comprar as nuvens
Você não pode comprar as cores
Você não pode comprar minha alegria
Você não pode comprar as minhas doresTotó La Momposina:
Você não pode comprar o vento
Você não pode comprar o sol
Você não pode comprar chuva
Você não pode comprar o calorSusana Bacca:
Você não pode comprar as nuvens
Você não pode comprar as cores
Você não pode comprar minha alegria
Você não pode comprar as minhas doresCalle 13
Tenho os lagos, tenho os rios
Eu tenho os meus dentes pra quando eu sorrio
A neve que maquia minhas montanhas
Eu tenho o sol que me seca e a chuva que me banha
Um deserto embriagado com cactos
Um gole de pulque para cantar com os coiotes
Tudo que eu preciso, eu tenho meus pulmões respirando azul claroA altura que sufoca,
Sou os dentes na minha boca, mascando coca
O outono com suas folhas caídas
Os versos escritos sob as noites estreladas
Uma vinha repleta de uvas
Um canavial sob o sol em cuba
Eu sou o mar do caribe, que vigia as casinhasFazendo rituais de água benta
O vento que penteia meus cabelos
Sou, todos os santos pendurados em meu pescoço
O suco da minha luta não é artificial
Porque o adubo de minha terra é naturalTotó La Momposina:
Você não pode comprar o vento
Você não pode comprar o sol
Você não pode comprar chuva
Você não pode comprar o calorSusana Bacca:
Você não pode comprar as nuvens
Você não pode comprar as cores
Você não pode comprar minha alegria
Você não pode comprar as minhas doresMaria Rita:
Não se pode comprar o vento
Não se pode comprar o sol
Não se pode comprar a chuva
Não se pode comprar o calor
Não se pode comprar as nuvens
Não se pode comprar as cores
Não se pode comprar minha alegria
Não se pode comprar minhas doresVocê não pode comprar o sol…
Você não pode comprar chuva
(Vamos caminhando)
No riso e no amor
(Vamos caminhando)
No pranto e na dor
(Vamos desenhando o caminho)
No pode comprar a minha vida
(Vamos caminhando)
A terra não se vendeTrabalho árduo, porém com orgulho
Aqui se divide, o que é meu é seu
Este povo não se afoga com as marés
E se derruba, eu reconstruo
Tampouco pisco quando eu te vejo
Para que recordem do meu sobrenome
A operação condor invadindo meu ninho
Perdôo porém nunca esqueço
Ouve!Vamos caminhando
Aqui se respira luta
Vamos caminhando
Eu canto porque se ouve
Vamos desenhando o caminhando
(Vozes de um só coração)
Vamos caminhando
Aqui estamos de pé
Que viva a America!
Não podes comprar minha vida…
Trem Bala, de Ana Vilela
A música “Trem Bala”, da jovem compositora Ana Vilela é apropriada para o momento de isolamento social vivenciado por todos. Canta a esperança de um mundo novo, menos sombrio e mais voltado para a irmanação de todas as pessoas.
Trem Bala
Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nósSegura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partirQue a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partirNão é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nósSegura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partirNão é sobre chegar
No topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situaçõesA gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mimSegura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partirQue a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partirNão é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nósSegura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir
Born in the USA (Nascido nos EUA), de Bruce Springsteen
Bruce Springsteen canta em “Born in the USA” (Nascido nos EUA) a perseverança para superar as pedras no caminho de um sistema que não sorri para quem vive de seu trabalho. Porque “você acaba como um cachorro que apanhou muito, até que gasta metade da sua vida apenas limpando a sua barra”.
Ainda mais por ter nascido num país decantado como o baluarte da democracia, mas não permite uma organização sindical sólida, se fecha a imigrantes e conta com um sistema de bipartidarismo onde é impossível se eleger para a Presidência sem ser democrata ou republicano.
Os Estados Unidos são de longe quem mais vive da guerra e do ódio no mundo. Nestga canção, Springsteen critica a participação norte-americana da Guerra do Vietname (1955-1975). Quando um pequeno país do sudoeste asiático derrotou a força bélica extremamente superior dos Estados Unidos e feriu de morte o orgulho de um governo arrogante.
Born in the USA (Nascido nos EUA)
Nasci em uma cidade pequena
Comecei a apanhar da vida desde pequeno
Você acaba como um cachorro que apanhou muito
Até que gasta metade da sua vida apenas limpando a sua barraNascido nos EUA
Eu nasci nos EUA
Eu nasci nos EUA
Nascido nos EUAMe meti numa pequena confusão em minha cidade natal
Então eles colocaram um fuzil na minha mão
Me enviaram para uma terra estrangeira
Para ir e matar o homem amareloNascido nos EUA
Eu nasci nos EUA
Nascido nos EUA
Eu nasci nos EUAVolto para casa, para a refinaria
O homem que contrata diz: Filho, se dependesse de mim
Mostrei para ele minha carteira de veterano de guerra
Ele disse: Filho, você não entende agoraEu tinha um irmão em Khe Sahn, combatendo o vietcong
Eles continuam lá, ele morreu
Ele tinha uma mulher que amava em Saigon
Eu tenho uma foto dele nos braços dela agoraDebaixo da sombra da prisão
Ou perto das chamas de gás da refinaria
Estou há 10 anos sem rumo
Nada para fazer, nenhum lugar para irNascido nos EUA
Eu nasci nos EUA
Nascido nos EUA
Eu sou um cara das antigas agora nos EUANascido nos EUA
Nascido nos EUA
Nascido nos EUAEu sou um cara muito maneiro nos EUA agora
Texto em português do Brasil
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