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Domingo, Novembro 24, 2024

O cuidado merece respeito

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

O cuidado merece respeito, mas o medo assusta o silêncio. Rasgar as entranhas cuspindo no sepulcro, varrendo da memória todos os sentidos, esconder atrás da porta tudo, não venha o diabo e engole-nos, e assim, escondidos, temos medo.

Assustamo-nos. Prefiro o respeito. Cuidado é amar. Ralhar é medo. A gente discute, entende que isso salvará da cruz Jesus, mas não, acredita, as estratégias fomentam resultados que não apenas salvar ou não morrer deste jacto de febre que voa até rastejar.

Nada é imprevisível dizem tantos, este movimento estava previsto dizem outros, e todos falam do que sabem e inventam caso nada saibam. Fomentar conluios de confusão valoriza o comércio a que interessa. Quem ganhará com esta febre que não se vê?

A maioria sairá a perder. Pouco vencerão mesmo que não morram. Nem sempre a morte faz terminar a vontade de viver. O que é realmente viver? (uma viagem protegida pelo divino até ao céu, abraçado pelo sagrado, em paz).

É importante não haver medo!

É importante ser cuidadoso.

Diferenças talvez existam nestas duas pequenas frases.

Não irei falar nem uma palavra sequer sobre o que pensam. Todos pensarão como entenderem, sei que o que mais existe neste momento são imensos Nostradamus.

Não me assusto com o medo, habituado que estou a compartilhar com eles anos a fio neste universo inverso de sabedorias avulsas, coisas oferecidas em cada esquina como se o sol repousasse sereno sobre os nossos corpos crispados de vontade. A vontade não se conta nem se soma. Existe e pronto.

É muito bonito estar recolhido. Verdade. É muito bem facilmente alguém entender de todas as maravilhas desse recolhimento. E quantos desses recolhimentos irão matar? A depressão enfraquece como dizem esses especialistas, e daí, basta uma gotícula perdida de um orvalho vagabundo e já tudo está consumido. Morreu por fraqueza o infeliz.

De medo?

De cuidado?

Ou farto de ter que ter medo e ter que ter cuidado e tudo junto é o fogo que arderá até aos últimos minutos. Tanta coisa faz de facto morrer. Por isso a mortalidade desde sempre.

O cuidado merece respeito. O medo assusta.


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