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Terça-feira, Julho 16, 2024

Não dá para entender!

Tereza Cruvinel, em Brasília
Tereza Cruvinel, em Brasília
Jornalista, actualmente colunista do Jornal do Brasil. Foi colunista política do Brasil 247 e comentarista política da RedeTV. Ex-presidente da TV Brasil, ex-colunista de O Globo e Correio Braziliense.

Bolsonaro deve ter dito uns palavrões de contentamento neste domingo, ao saber da pesquisa Datafolha segundo a qual 59% são contra a sua renúncia durante o combate ao coronavírus. Não dá mesmo para entender.

Não estou questionando a pesquisa mas a contraditória disposição política de nossa gente diante do presidente que “mais atrapalha do que ajuda”, como acham 51% dos entrevistados pelo mesmo Datafolha.

Como pode a maioria não querer a renúncia de quem está atrapalhando o país na hora mais sombria? A mesma pesquisa apurou que apenas 37% desejam a renúncia, já pedida pelos principais líderes da oposição e cogitada dentro do próprio círculo do poder bolsonarista. Uma minoria de 4% não têm opinião.

Como pode a maioria não querer a renúncia que livraria o país de sua segunda maior ameaça, se ao mesmo Datafolha 76% disseram aprovar a ação do ministro da Saúde, que Bolsonaro ameaça e humilha em praça pública, contra apenas 33% que aprovam as atitudes dele – o que já é uma loucura, tamanha aprovação a tantas loucuras que Bolsonaro vem cometendo.

Como podem 52% acreditar que ele “tem condições de seguir liderando o país”, quando ele já não governa de fato. No Planalto o general Braga Netto a agora é o cardeal Richelieu de Bolsonaro, e nos ministérios quem funciona é o Estado, são as carreiras estáveis do Estado, com seus técnicos, diplomatas e gestores. Não é compreensível que para apenas 44% esteja claro algo tão óbvio, a perda das condições de governar por Bolsonaro.

Pesquisa é pesquisa, mas são informações como estas, afora a atividade das milícias digitais bolsonaristas nas redes, que intimidam e inibem aqueles que continuam lavando as mãos, hesitando em dar algum passo para livrar o Brasil de Bolsonaro.

O amanhã é incerto, o que vem depois da pandemia são dias amargos, com uma baita recessão castigando o país, Estado quebrado, desemprego sem precedentes, pobreza campeando na cidade e no campo. E será muito pior se tivermos que enfrentar os anos DC, depois do coronavírus, com Bolsonaro na Presidência. Não tendo estado à altura do enfrentamento da pandemia, muito menos estará apto a liderar o país no que virá em seguida.

Para ele está tudo bem. Bolsonaro busca o caos social durante a pandemia para ter o pretexto e impor o regime autocrático, ditatorial que nunca deixou de perseguir. Se o caos social for evitado, apesar do presidente, e as dores se limitarem à questão sanitária, ele também o buscará depois que a pandemia passar, pela mesma razão. Tudo que Bolsonaro faz é calculado com este objetivo: criar as condições para a imposição de seu projeto autoritário.

E o que é pior: Mauro Paulino, diretor do Datafolha, explicou em artigo que o apoio dado a Bolsonaro vem, sobretudo, dos pobres que ganham entre 2 e 4 salários mínimos. Dá vontade de chorar.


Texto original em português do Brasil



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