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Segunda-feira, Dezembro 23, 2024

Centro Popular da Mulher de Goiás organiza enfrentamento à violência doméstica

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

A União Brasileira de Mulheres de Goiás (UBM-GO), através de seu Centro Popular da Mulher (CPM), cria mecanismo de combate ao crescimento da violência doméstica neste período de isolamento social por causa da pandemia da Covid-19.

“Já no início da quarentena aqui no Brasil tínhamos acendido a luz vermelha de como isso poderia mudar as relações pessoais no nosso país”, afirma Sidiana Soares, presidenta da UBM-GO e do CPM do estado.

“A divulgação da pesquisa da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres em março sobre como a violência doméstica tinha aumentado em outros países nesse período de quarentena, confirmou nosso receio e sabíamos que, infelizmente, isso não seria diferente no Brasil”, acentua.

 

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Ela se refere ao estudo “Mulheres no centro da luta contra a crise Covid-19” divulgado no fim de março pela ONU Mulheres mostrando crescimento substancial de notificações de violência de gênero nos países que adotaram a quarentena para conter a disseminação do novo coronavírus.

No Brasil, até mesmo o inoperante Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos reconheceu um crescimento de 17% da violência contra mulheres e meninas por causa do isolamento social. Isso no quinto país mais violento contra a mulher, como mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019 com 237.067 casos de violência doméstica registrados em 2018 no país. E com os cerca de 50 mil estupros notificados anualmente aqui e o crescimento do feminicídio.





“Como boa parte das agressões às mulheres e meninas ocorre dentro de casa, cresce a preocupação de como encontrar meios de combater esses crimes mesmo em isolamento social”, reforça Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Celina ressalta as atitudes de mobilização e organização de enfrentamento a essa outra pandemia, a da violência doméstica. Mulheres da zona leste da capital paulista criaram um grupo de WhatsApp que tem surtido algum efeito contra a violência na região mais habitada de São Paulo.

“O abandono das políticas públicas de atendimento às vítimas das agressões e abusos sexuais é uma das causas do aumento da violência”, ressalta Celina. Tanto que a delegada Raquel Gallinati, presidenta do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) afirma que “não temos leis que tratem da violência doméstica especificamente nessa situação de isolamento”, mas é necessário a sociedade tomar atitude.

Raquel elaborou um cartaz e compartilhou no grupo de mensagens dos vizinhos, dizendo que seu apartamento está aberto para abrigar mulheres vítimas de violência doméstica durante o isolamento.

Facebook do Centro Popula da Mulher de Goiás

Por causa desse quadro de violência institucional e da inépcia do governo federal e de governos estaduais e municipais sobre as questões de gênero, “num debate dominado pelos setores fundamentalistas de grupos religiosos, pelos quais as mulheres devem se resignar aos acontecimentos de suas vidas, como se isso fosse mensagem de Deus, precisamos reforçar a ideia de que temos os mesmos direitos dos homens e devemos ser respeitadas como gente e como sujeitas de nossas vidas”, reforça Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da CTB-SP.

Cartaz da delegada Raquel Galinatti

Sidiana conta que desde as primeiras semanas do isolamento, elas iniciaram uma campanha de arrecadação de gêneros alimentícios com uma associação de moradores da região leste de Goiânia, com a respectiva entrega de alguns materiais arrecadados.

“Mas sentimos a necessidade de ampliar essa rede em Goiás e já tem um mês que começamos o isolamento, e temos visto como isso tem afetado a saúde psicológica das mulheres”, diz. Principalmente, “as mulheres que foram demitidas e não sabem como agir com contratos de aluguel de casas sendo cancelados fora de período e diversas outras demandas aprofundando a precarização da vida dessas famílias e ainda serem vítimas de violência”.

Já que “a violência de gênero não se resume à violência física”, acentua. Por isso, “resolvemos aumentar o alcance do projeto criando essa ponte, pois ao mesmo tempo que as mulheres estão em seus lares com suas demandas e precisando de apoio em algumas questões, temos também muitas mulheres e homens que estão nesse momento mostrando o lado mais bonito do ser humano: a empatia e a solidariedade”.

Assista vídeo da ONU Mulheres

Foi criada uma rede de solidariedade que passa pela doação de gêneros alimentícios, pela assistência jurídica e psicológica para que possamos todas e todos superar este período e sairmos melhores dele”, assinala.

Quem puder doar é só fazer o depósito para o Centro Popular da Mulher no Estado de Goiás pelo Banco do Brasil (Agência 1610-1, conta número 53099-9, CNPJ 24.992.208/0001-00).

“Cientes de que somente a unidade das mulheres pode resultar em novas políticas pela igualdade de gênero e respeito a todas as pessoas, independentemente de suas orientações sexuais”, reforça Kátia Branco, secretária da Mulher da CTB-RJ.

Porque o golpe de Estado de 2016 recrudesceu as políticas pelos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTs, dos povos indígenas, dos mais pobres de uma forma geral. “Projetos como esse do Centro Popular da Mulher de Goiás são fundamentais para o Brasil passar por esse momento com todo mundo em casa e em harmonia com respeito a todas e todos”, conclui Celina.

Serviço

Centro Popular da Mulher no Estado de Goiás
Banco do Brasil
Agencia 1610-1
Conta 53099-9
CNPJ 24.992.208/0001-00


Texto em português do Brasil


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