Ao Tony (meu irmão)
As manhãs, sabes?, naquele quintal lá daquele longe tão perto tal a vontade quando nas veias jorra o sangue da irmandade, eras quem eu via sempre, um jovem magro e muito alto, eu, pequeno e traquina tinha em ti, quase só em ti, aquele que me abraçava e dizia tantas vezes
“fica quieto Vitito!
de memórias nunca infalíveis a gente sabe, o bom que nos fazem nunca se esquece e nunca esqueci, olho-me para dentro e revejo, belisco-me a pele e sinto, essa figura de hoje nesse ontem tão antigo e tão presente como o ar que respiramos.
Sem saber o passar das horas dias e momentos registei na inconsciência de criança o suor do amor, e de ti, tudo isso e mais, quando falo de ti comigo mesmo a imagem que me aparece nesta cabeça desmiolada de filósofo do amor, sou um existencialista puro e consigo, mesmo viajando aparentemente, esse tal meu ar de despreocupado não é de facto esse tanto assim, sou uma máquina que regista com papel timbrado e tudo o mais aquilo que me foi, é e será, pois, dizia Nietzche,
“quem sentiu nunca perde!”
E nada do que foi passando desapareceu, a alma é resistente e sente maticando nos seus vocábulos mais simples o que marca a saudade num presente nunca ausente e aquele que sempre ali nunca fugiu do abraço e do conselho.
O quintal grande, a bola que me rolava na cabeça e eu para ti
“chuta mano!, vou ser um grande guarda-redes!”

Na cabeça ansiosa de um inocento cheio de sonhos e sonhei tanto que fui crescendo até que hoje, nada disso sou nem serei, pois, como mudam os destinos das vidas porque não só nós os únicos, e eramos muitos, e somos muitos, esse orgulho é divino e sinto-o como se fosse uma artéria a percorrer cá dentro o amor que só Deus sabe conceder e a gente tantas se esquece, o nosso sangue não é escolhido porque apetece, acontece no meio de todas as verdades da natureza que é tanta e somos nós os nossos, irmãos não se compram verdade, graças a Deus, herdamos do sangue que nos brotou para esta realidade que vivemos vivos, sermos irmãos de sangue!
O teu presente é um orgulho para mim, mas mais do que isso, estares vivo é o meu maior orgulho porque o amor não tem preço nem outras qualificações nem podemos fugir de o ser!
Obrigado mano por nos termos uns aos outros entre todos os que somos, IRMÃOS!
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