Depois de escorregar em casa com o último da Liga, o Sporting foi ao Algarve perder com o Portimonense e, praticamente, disse adeus à Taça da Liga. E, desta vez, a coisa foi tão justa e descarada que nem apareceu o habitual presidente a culpar a arbitragem, aproveitando para mandar umas bocas foleiras, como aquela de não dar um pontapé no cú ao homem do apito, pois ele “podia gostar”. Declarações impensáveis para o dirigente máximo de um clube que se diz “Grande”.
Mas declarações que também só revelam que a equipa maravilha do mago da táctica, Jorge Jesus, pode estar a atravessar um período difícil, que a poderá mesmo arredar de todos os títulos. A Taça de Portugal já se foi e a Taça da Liga está quase. Na Liga Europa, em Março, logo se verá. Na Liga continua em primeiro, mas não consegue ganhar em casa ao último e a melhor desculpa que encontra é culpar a arbitragem. Continua candidato? Claro! Mas também cresce a sensação que o caminho que dista do Leão bravo ao gatinho dócil pode ser curto…
E, paulatinamente, o emblema rival da 2ª Circular lá se vai aproximando. A tal equipa do Benfica, treinada por Rui Vitória, que “nem é treinador”, segundo mais uma boca inspirada do Mister Jesus. O homem pode não ser treinador, mas de certeza que Jesus já o sente a morder-lhe os calcanhares. O Benfica, é certo, não joga um futebol de encher o olho; mostra carências defensivas, mas também eficiência atacante, com uma linha exibicional em crescente de forma.
Peseiro na bancada vê FC Porto perder na relva
Entretanto, a Norte, o habitual ganhador do futebol luso anda numa maré de perdedor. Lopetegui, o basco que quer receber o dinheirinho todo e que ficou para a história do FC Porto como o treinador que nada ganhou, já deixou a Invicta. Entrou hoje ao serviço, José Peseiro, um treinador conhecido por meter as suas equipas a jogar bom futebol, mas sem ganharem títulos. E estar sem títulos é coisa a que os portistas não estão nada habituados, nem toleram!
E esta noite, ainda na bancada, o novo treinador portista deve ter ficado com preocupações acrescidas, ao ver a sua nova equipa perder em Famalicão. Embora com um “onze” muito mexido e quase sem hipóteses de continuar na Taça da Liga, o FC Porto voltou a mostrar o mesmo: domínio de jogo, trocas de bola sucessivas, mas sem objectividade, sem garra, sem resultados positivos. José Peseiro não vai ter muito tempo para inverter este cenário negativo. Os adeptos portistas estão feridos e querem resultados rapidamente, muito rapidamente…
Golpes e contra-golpes
Com um cenário desportivo destes entre “águias” e “leões” não se esperam tempos pacíficos na selva futebolística. É fácil prever mais golpes e contra-golpes (verbais, por enquanto, entenda-se), cada vez mais acutilantes entre uns e outros. Sem “fair-play”, bom-senso e educação. Mas alimentados até à exaustão por uma Imprensa desportiva medíocre, rendida a qualquer preço, ao que vende: à guerra e troca de bocas entre os chamados 3 Grandes – Benfica, FC Porto e Sporting. Lamentável, como se o futebol português fosse feito só de três clubes/equipas e o Desporto fosse só futebol.
Então nos canais televisivos, ditos de “notícias”, a situação é ainda mais alarmante: todos os dias, comentadores passam horas a discutir Benfica, Porto e Sporting. Horas a fio, que devem ter tornado as televisões portuguesas nas recordistas mundiais do “Mais tempo a discutir a mesma coisa”: se é penálti ou não; se a bola entrou ou não entrou, etc etc… Coisas da máxima importância para o desenvolvimento do futebol português e da qualidade do jogo praticado. E o trio é sempre o mesmo – variando apenas os personagens –, formado por adeptos de três clubes.