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Quarta-feira, Janeiro 15, 2025

Dallagnol sai da Lava Jato, mas será responsável pelo abuso de poder

“Deltan sai da Lava Jato mas a Lava Jato não sai dele. Será até o fim dos tempos responsável pelos crimes que cometeu por abuso de poder”, comentou Carol Proner, doutora em Direito, professora da UFRJ e diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF.

Apesar dos alegados problemas familiares para deixar a operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol continua com tempo para falar com a imprensa. Nesta quinta-feira (3), em entrevista para a Rádio Gaúcha (RS), ele fez críticas ao governo Bolsonaro dizendo que “ele (governo) entrou com a bandeira de combate à corrupção, mas o que temos visto é um retrocesso imenso”. É desnecessário, mas é bom lembrar, que foram ele e o juiz Sérgio Moro que pavimentaram o caminho de Bolsonaro ao poder, afastando Lula das eleições. E que, em troca, Moro foi guindado ao Ministério da Justiça, um dos ministérios mais importantes do governo.

Carol Proner diz que Deltan deverá responder pelos abusos cometidos na Lava Jato

“Deltan sai da Lava Jato mas a Lava Jato não sai dele. Será até o fim dos tempos responsável pelos crimes que cometeu por abuso de poder”, comentou Carol Proner, doutora em Direito, professora da UFRJ e diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF. Já o ex-presidente Lula não se cansa de repetir que “dorme tranquilo”, enquanto, segundo ele, o mesmo não acontece com Dallagnol e Moro. “Sempre disse que em algum momento a verdade iria prevalecer. Aos poucos vamos provando que eles me condenaram com o único intuito de me tirar da campanha de 2018”, comentou em entrevista de rádio, nesta semana.

A vergonha que não apenas impedirá o sono, mas resultará em penas mais severas, avança para cobrar o preço dos crimes cometidos por Dallagnol e outros procuradores. Na semana passada, Dallagnol precisou contar com o espetáculo constrangedor da votação no CNMP para fugir de punições de sua própria corporação. Nesta semana, o ministro Ricardo Lewandowski determinou, pela segunda vez, que o juiz responsável pela 13ª Vara Federal Criminal, em Curitiba, conceda, em até 48 horas, acesso ao acordo de leniência da Odebrecht ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda, na tentativa de defender suas trincheiras, procuradores da Lava Jato, em São Paulo, se demitiram em grupo.

Os fatos demonstram que a operação Lava Jato funcionava sob o comando do juiz Sérgio Moro, a quem os procuradores serviam de forma indevida, como denunciou o site The Intercept por meio da #VazaJato. O operação se transformou em uma espécie de “enclave”, um ente com vida própria alocada dentro do Ministério Público e do Judiciário. E, pior, com braços articulados com o judiciário e outros organismos de um país estrangeiro, no caso, os Estado Unidos. Este fato, por si só motivo suficiente para comprometer a operação, foi recentemente tornado público pela agência Pública. O que torna ainda mais suspeita a insistente negativa de dar acesso à defesa de Lula ao acordo de leniência com a Odebrecht.

O destino de Dallagnol foi antecipado ano passado, quando um grupo de 17 juristas de renome internacional divulgou um duro artigo dirigido ao Supremo Tribunal Federal, denunciando a parcialidade da operação Lava Jato. “Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início”, afirmaram as autoridades. “Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial”, destacaram os juristas, entre eles, a norte-americana Susan Rose-Ackerman, um dos expoentes mundiais em combate à corrupção. Inicialmente fã de Deltan Dallagnol, a jurista, assim, como os demais, pediu na nota, à época, a anulação do julgamento e a liberdade Lula.


PT Notícias   |  Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

 

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