Somente hoje prestei atenção ao XV Festival de Ouro Preto, que está acontecendo online, gratuito, e termina hoje infelizmente. Eu tinha lido notícia sobre a Mostra OP, mas só com um toque de Helder Lopes para o filme “Banquete Coutinho”, que, segundo ele, “eu não podia deixar de ver”, entrei no site e vi a obra do jovem Josafá Veloso.
A partir de uma entrevista gravada com Eduardo Coutinho, e trabalhos vários do genial diretor, Josafá montou um muito bom documento sobre esse grande realizador brasileiro. A entrevista de Coutinho é bem no estilo dele próprio, solta e buscando descobrir o que o entrevistado nem sempre quer mostrar. Essa entrevista foi feita em 2012 e o filme foi montado em 2019.
“Banquete Coutinho”
Josafá Veloso utiliza o que algumas pessoas, que faziam restrições a Coutinho diziam dele, que ele sempre fez o mesmo filme. E Josafá então coloca que ele fazia o mesmo filme, mas que esse filme sempre era outro. E se saiu muito bem, pois fica clara a tese indireta sobre o cinema de Eduardo Coutinho, que era um sujeito muito pessoal no que fazia e principalmente depois que passou a só fazer documentário fixou-se no personagem que ele próprio era. Assim, o filme que tem esse título maravilhoso “Banquete Coutinho” ficará como uma grande mostra do cinema de um cineasta único.
Quanto aos trechos dos filmes de Eduardo Coutinho que foram escolhidos me parecem justíssimos, mas só não entendi o trecho do melodrama francês que praticamente estragou o excelente trabalho até então feito pela montagem. Apenas pela exibição desse filme, se não me engano de um grupo mineiro, o XV Festival de Ouro Preto mereceria a maior atenção.
(Olinda, 7. 9. 2020)
por Celso Marconi, Crítico de cinema mais longevo em atividade no Brasil. Referência para os estudantes do Recife na ditadura e para o cinema Super-8 | Texto em português do Brasil
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