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Sábado, Abril 19, 2025

Reequacionar a covid-19: Um olhar nacional

Arnaldo Xarim
Arnaldo Xarim
Economista

A evolução da situação em Portugal verifica-se uma tendência para taxas superiores – Reino Unido e Suécia -, com a excepção do ano de 2020 (o ano de início da covid-19), quando os valores registados se revelam inferiores a ingleses e suecos

Depois abordada de forma comparada a evolução da mortalidade no Reino Unido e na Suécia (seguindo uma proposta aqui formulada por John C. A. Manley) e que mostra claros efeitos da sazonalidade (picos anuais coincidentes com as épocas da gripe comum) e um razoável paralelismo entre as taxas de mortalidade dos dois países, quando medidas em termos relativos.

Aplicada à mesma lógica de raciocínio a evolução da situação em Portugal verifica-se uma tendência para taxas superiores, com a excepção do ano de 2020 (o ano de início da covid-19), quando os valores registados se revelam inferiores a ingleses e suecos.

Longe de significar que não tivemos problemas com a covid-19, pode-se ainda assim afirmar que conseguimos melhores resultados na sua atenuação e contenção, enquanto uma observação mais atenta da evolução de indicadores, como o do número de casos activos ou do número de internamentos, deve conduzir a leituras menos alarmistas que contribuam para a formulação das estratégias mais adequadas às novas fases de evolução da doença.

Embora já se fale que a taxa de ocupação hospitalar já estará entre os 70 e os 80%, também se observa que a evolução crescente de novas infecções não é acompanhada pelo número de óbitos nem por um aumento proporcional dos internamentos (e ainda menos pelas situações mais graves que levam os pacientes aos cuidados intensivos), que já se conheceram, parecendo de concluir que esta nova fase será menos virulenta (ou que por infectar maioritariamente segmentos mais jovens da população origina menor número de internamentos), logo mais facilmente controlável com os meios materiais e humanos disponíveis.

Não se fique, porém, com a ideia que tudo está a correr bem ou que a situação não se possa agravar. Mau grado a ainda baixa taxa de mortalidade, a tendência para o aumento do número de novas infecções deve ser encarada com prudência e redobradas cautelas, tanto mais que um recente estudo publicado na revista «The Lancet» (uma das mais antigas e conhecidas revistas médicas do mundo, tida como uma das mais prestigiadas revistas científicas sobre medicina, cujos artigos são revistos por especialistas) alerta para o facto dos países asiáticos terem sido dos mais agressivos no fecho de fronteiras para combater a covid-19 e foram os mais lentos a reabri-las aos turistas.

Esta situação, a que também aludem notícias que dão conta da diferente proporção entre países asiáticos e europeus abertos ao turismo, vem apenas confirmar a grande dependência das receitas do turismo (e do sector terciário em geral) de que as economias ocidentais padecem depois que deixaram deslocalizar as suas principais indústrias para as mais desregulamentadas economias orientais.

Outro pormenor revelado pelo já referido estudo publicado na revista «The Lancet» alerta para a necessidade dos governos aplicarem políticas que identifiquem com clareza os critérios e os passos a executar no sentido da normalização da vida social e económica, com o objectivo de ganharem a confiança e o apoio das populações… Infelizmente isso foi perdido desde o momento que se mantiveram limitações em sectores de actividade como a restauração enquanto o limite da ocupação dos aviões a dois terços terminou a 1 de Junho.






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