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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Guernica, Pablo Picasso

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

“Guernica”, de Pablo Picasso. Picasso foi um dos criadores do “Cubismo”, um dos maiores movimentos de arte do século XX.Esta imensa tela quase monocromática, representa um marco contra a barbárie, é um manifesto acarinhado, depois, pela Humanidade em favor da vida. É um quadro a preto e branco com uma gama variadíssima de cinzentos e alguns azuis imperceptíveis. São variadas as opiniões e para todos os gostos, sobre as razões desta opção cromática. Será, por isso legitimo que seja avançada a evocação, mais ou menos consciente, dos Caprichos ou dos Desastres de Guerra, de Francisco Goya.

Guernica está ligada a um clamor de justiça tão válido hoje como em 1937. Não é uma arte panfletária. O que a torna uma das telas mais notáveis do século XX é a combinação auspiciosa de um talento pictórico no seu apogeu, de absoluta universalidade e rara transparência. Aquelas anacrónicas deformações físicas que já possibilitaram interpretações variadas e nem sempre coincidentes, o que enriquece a intemporalidade da obra, manifestam-se-nos, de imediato, como apelos desesperantes contra o absurdo patético da guerra. O que nos ocorre imediatamente é uma alma caracterizadamente estilhaçada, onde o caos se instala e brutaliza, modeladamente, as estruturas ósseas que quase nos causam transtorno visual.

A bota fascista, com o apoio determinante da igreja e do capital parasitário (… e como no caso espanhol esta catalogação é exacta) fere a Espanha de forma lancinante, como o artista assinala naquele inesquecível esgar dorido da égua, repleta de morte anunciada.

A explosão de luz de Guernica, deixa tudo às escuras e impele-nos como que a uma momentânea suspensão horrorizada. É, pois, a experiência da realidade, que faz Picasso só com ela se preocupar, uma vez que «a luz é tão concreta como qualquer parte da realidade». A diminuição cromática da paleta cubista não lhe agrada já muito, não obstante o gosto que tem pelo percurso teórico que revolucionou a História de Arte. Passará a representar a luz na sua própria essencialidade.

O medo e a dor, a raiva e o desespero, são as emoções dominantes e inequívocas. O cavalo/égua ferido de morte que agoniza é a personificação de um desespero terrífico. Ao touro á dada uma raiva contida que lhe não diminui a solidez e a nobreza. Se quisermos encontrar uma figura salvadora no quadro em análise, é o touro que se escolhe como o protector daquela mãe apavorada com o filho ao colo.



Pablo Picasso 1881-1973

Pablo Picasso foi um pintor espanhol, mas também foi escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo. É conhecido como o co-fundador do cubismo juntamente com Georges Braque.

Dentre as suas obras mais famosas estão os quadros cubistas As Meninas D’Avignon (1907) e Guernica (1937).

Picasso, Henri Matisse e Marcel Duchamp são considerados os artistas que mais desenvolvimentos revolucionários criaram nas artes plásticas nas décadas iniciais do século XX. São, por isso, responsáveis por importantes avanços na pintura, na escultura, na gravura e nas cerâmicas.

O seu estilo mudou várias vezes ao longo do séc. XX, graças aos seus experimentos com diferentes teorias, técnicas e ideias. A sua obra foi classificada em períodos. Não há consenso nos nomes dos períodos da sua obra. Em que há nomes de períodos da sua obra que são controversos, e outros que não geram qualquer polémica. Os mais aceites são: período azul (1901-1904); período rosa (1904-1906); período africano (1907-1909); o cubismo analítico (1909-1912); e o cubismo sintético (1912-1919).

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