A queda da avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro em 23 das 26 capitais brasileiras entre os meses de outubro e novembro, de acordo com levantamento do jornal O Globo com base em pesquisas do Ibope, se deve ao conjunto da sua obra nefasta.
Pode-se nominar, por exemplo, o desemprego recorde, a quebradeira de empresas, a redução do valor do auxílio emergencial e a gestão irresponsável da pandemia.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em um ano o Brasil perdeu 12 milhões de postos de trabalho e viu a população ocupada encolher para o menor contingente já registrado pela pesquisa, iniciada em 2012. Claro que essa situação decorre da gestão errática do governo em relação à crise econômica e à pandemia.
No caso das empresas quebradas, o IBGE estima que mais um milhão fecharam as portas desde o início da pandemia. A queda da demanda forçou a redução sem precedentes da atividade industrial, que levou a utilização da capacidade instalada ao menor nível já registrado na série mensal, iniciada em 2010, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). As incertezas quanto ao rumo da economia também contribuem. Sem ajuda do governo, não há perspectiva de retomada.
No caso da pandemia, são vários os fatores que podem ser contabilizados como irresponsabilidades do governo. Um exemplo é a não utilização de recursos disponibilizados no orçamento. Relatórios de monitoramento emitidos semanalmente pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados mostram que a União deixou de gastar pelo menos R$ 600 milhões reservados para a área. Outro exemplo é o descaso com os investimentos necessários para equipar melhor o Sistema Único de Saúde (SUS).
A queda de popularidade do presidente reflete-se nas eleições. No primeiro turno, muitas candidaturas bolsonaristas sofreram derrotas fragorosas. No segundo turno, conforme projeções das pesquisas, podem ser derrotados o Capitão Wagner (Pros) em Fortaleza, Everaldo Eguchi (Patriota) em Belém e Delegado Pazolini (Republicanos) em Vitória. Além destas, outras candidaturas bolsonaristas também estão em queda e poderão sofrer derrotas. Todos negam ou mitigam os laços com Bolsonaro, mas são do seu campo.
Por óbvio, essa queda da aprovação de Bolsonaro e o rechaço das urnas às candidaturas bolsonaristas decorrem das ações de amplos setores da oposição. Configura-se, portanto, um cenário em que as forças oposicionistas contiveram o avanço da extrema direita e impuseram revezes importantes a ela nessas eleições. Todavia, o presidente segue com o poder da Presidência e o bolsonarismo está bem ativo. A luta ampla e unitária para derrotá-lo segue na ordem do dia.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado