Um Estado só o é se souber defender a sua identidade e independência territorial e social. A nação e os valores que lhe são afetos.
A organização social em Estado, é o resultado de processos Históricos intrincados de disputas territoriais entre civilizações muitas vezes distintas ou de interesses adversos no seu seio que tem sempre na sua génese a luta dos povos pela independência mas também e sobre tudo para a defesa dos seus interesses comuns enquanto sociedade que se sente usurpada de direitos inalienáveis.
As disputas pelo poder e controlo do Estado são um processo posterior ao levantamento popular de libertação e instalação de uma nova figura Constitucional. No entanto e porque os interesses transitados não abdicam desse legado instalam uma nova hierarquia de interesses na apropriação e partilha dos recursos naturais em seu proveito.
Algo que não estaria no horizonte insurrecional dos povos aquando desse movimento uma vez que tem como adquirido serem esses bens para uso coletivo e por isso a receita gerada através da riqueza natural aplicada em melhorias constantes da sua qualidade de vida.
Este processo dialético conduziu a um modelo de organização política e social do Estado de índole capitalista assente em pessoas para pessoas mas em que o superávit é distribuído entre grupos distintos de pessoas que assim acumulam riqueza à custa do trabalho da quase totalidade das outras pessoas.
Mesmo assim e porque o capitalismo não consegue gerir as contradições que gera na economia dos Estados ainda há setores estruturais da vida em sociedade cuja lógica não pode ser a do lucro como o são a saúde a educação e a justiça mas também o direito à mobilidade entre muitos outros. Neste último cabem as infraestruturas rodoviárias e as redes de transportes públicos que sabemos serem financiadas direta ou indiretamente pelos contribuintes em todo o território nacional.
A privatização da Rodoviária Nacional que resultou no seu desmantelamento e a eliminação de parte significativa de itenerários no interior sem que se conheçam os custos em sede de OE para além do choque climático com o aumento inusitado da quantidade de automóveis a circular para suprir a necessidade de deslocações das pessoas são a evidência de que a mobilidade deve ser pensada e gerida de forma racional tendo em conta a vida das pessoas no todo nacional que é a sua organização em Estado.
Porque, o Estado não é uma figura ficcionada ao jeito de cada um. O Estado Português somos todos e por isso não podemos abdicar da nossa independência e identidade em favor de meia dúzia que se apropriam do Estado na sua forma e identidade: os bens e as pessoas.
A TAP é uma empresa de transporte de pessoas na senda da mobilidade para o que seja. É um pilar estruturante da organização social e territorial. É um marco vital na economia, na identidade e na independência nacional.
Há regras elementares que os defensores de um modelo de organização capitalista não aceitam mas que a evolução das civilizações impõe para que consigam sobreviver no futuro. O da equidade é imprescindível. Ou seja, o Estado Social é incontornável para responder às necessidades das populações do futuro. Em que os investimentos no presente são sempre a sementeira do futuro. Enquanto que a desregulação do presente condiciona e mata o futuro.
A TAP é um mero exercício daquilo que tem de se fazer hoje para que haja amanhã.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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