Os resultados eleitorais confirmaram as previsões, o actual presidente foi reeleito à primeira volta com um amplo apoio vindo de todos os quadrantes políticos, com o PS no seu centro, continuando assim a tradição democrática portuguesa.
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Um segundo mandato em perspectiva
Os resultados eleitorais confirmaram as previsões, o actual presidente foi reeleito à primeira volta com um amplo apoio vindo de todos os quadrantes políticos, com o PS no seu centro, continuando assim a tradição democrática portuguesa.
Diz também a tradição que no seu segundo mandato o Presidente tende a imprimir a sua marca política. Foi assim com Eanes que inventou o PRD e fez descarrilar o governo do bloco central presidido por Soares; foi assim com Soares que tudo fez para descarrilar o governo de Cavaco; foi assim com Sampaio que despediu Santana Lopes e foi assim com Cavaco que despediu Sócrates.
A principal diferença em relação ao passado é que a previsível instabilidade que se seguirá ao coronapânico e ao desgaste do executivo tenderá a fazer com que esse momento se dê mais rapidamente e de forma mais clara.
Se é verdade que o PS, ao furtar-se ao confronto directo com o actual presidente, tentou assim adiar o confronto, parece-me que não ignora aquilo que o espera. O confronto entre o eleito Presidente e o executivo de António Costa é inelutável!
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A aposta falhada da teocracia iraniana
A candidata oficiosa da República Islâmica do Irão nunca teve como objectivo ser Presidente, mas antes tomar conta do maior partido português. Na altura em que escrevo os resultados põe-na a par do seu rival populista, o que é uma derrota perante as expectativas criadas. Mais significativo do que isso, é que a sua votação terá sido feita mais à custa do eleitorado do BE e do PCP do que do eleitorado socialista, que se mostrou pouco sensível ao seu discurso demagógico.
Creio mesmo que ela terá granjeado os suficientes anticorpos para assegurar que isso não pode vir a acontecer e que o PS não se transformará numa correia de transmissão do totalitarismo clerical, como não se transformou no passado numa correia de transmissão do totalitarismo comunista.
A derrota da teocracia iraniana é uma vitória para Portugal e para todos os que defendem a liberdade, a democracia e os direitos humanos. Fica agora por saber o que teremos a seguir, porque há que pensar no futuro.
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A recomposição do xadrez
Em qualquer caso, estas eleições mostram que a alternativa que se perfila ao candidato institucional é o populismo conservador, mesmo que pintado de vermelho, e que mesmo os aparelhos tradicionais da esquerda política soçobraram, não sendo significativos os resultados obtidos por outros.
À direita, o actual presidente dificilmente resistirá à tentação de influenciar o jogo, sendo que o peso ganho agora pela extrema-direita e o apoio que já foi dado a uma coligação com ela pela ala cavaquista torna mais complexa a alternativa conservadora.
À esquerda, vê-se mal como pode o PS rejuvenescer-se e enfrentar os desafios. Não será fácil erguer uma alternativa de esquerda democrática neste quadro, em caso de colapso, da actual fórmula governativa, mas em qualquer caso parece-me imprescindível fazê-lo.
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