Poemas de Delmar Maia Gonçalves
“Ser perseverante na vi(r)agem”
Era uma vez
um homem e uma casa
Cedo o visitou
Proserpina
e o Deus Baco
a destruiu
e foi roubada
ao vento
quando llhe ofereceu
vermes
com olhos de nenúfar
Nessa altura
o céu era cinzento
e dormiam os poetas
da sua aldeia
e até os Lobos uivavam
de tristeza
sem razão aparente
Um dia o sol nasceu
com a madrugada
e eis que nova aurora
com a bênção da Deusa Ceres
surgiu resplandecente nele
E cristalinas
e inspiradas as Deusas Minerva e Vênus
decidiram ajudá-lo
na empreitada
e a casa renasceu das cinzas
num lugar onde a chuva
são as ervas
e a floresta
está coberta
de musgo bom
Talvez os alicerces
ainda sejam ténues
Mas a vontade
encontrou raízes nele
Está decidido!
O cheiro deste céu
de terra húmida
será a sua morada
E vivem pássaros
dentro dele
que lhe querem voo
E o céu
nem sempre é cinzento!
Alguém duvida
que a poesia
é o aroma das flores
percorrendo a floresta?
Ou que as plantas
primeiro são semente
e só depois
se tornam folha e fruto?
“Vêde bem…”
Vêde bem vates
se tornam
vossos versos
vertebrados
articulados
livres
com a métrica
embrenhada nas palavras
e as palavras
entranhadas na verdade
E não olvideis jamais
a realidade vital
fazendo renascer a fé
nos que sucumbiram
encarnando nela!
III
Bem tentam
esmagar o poeta vertical
que em mim habita
conspurcando-o
julgando-o
rotulando-o
Mas jamais
silenciarão
a coerência visceral
que nele
encontra amparo.
IV
O que resta
ao poeta
se não viver
inconformado
e não vergado?Embora
em voz silenciada
ninguém consegue
apagar a essência do verbo
no fogo da vida!
V
Compatriotas meus
Qual dos dois escolher?
Exílio e luta
chegaram juntos a minha casa.
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