A ampla solidariedade que a ex-deputada e candidata a vice-presidenta da República em 2018 *pela aliança PT/PCdoB* Manuela d’Ávila vem recebendo diante das ameaças de violência contra ela e sua filha Laura, de cinco anos de idade, revela a gravidade do momento político vivido pelo país.
Temos mostrado o alcance da resposta dos segmentos democráticos e civilizados da sociedade, assim como o apoio ao abaixo-assinado que pede a investigação e punição aos criminosos.
São várias as implicações contidas nessa manifestação de barbárie. O ódio concentrado contra Manuela d’Ávila decorre da sua condição de mulher jovem e decidida nos seus propósitos progressistas, fato repetido sistematicamente desde o princípio de sua projeção como liderança política. A atual ameaça, que chega ao seu mais sagrado sentimento, o de mãe, atinge o ápice da sordidez. A enérgica indignação despertada parte desse ponto e percorre o espectro de toda a luta da civilização contra a barbárie.
A covardia inominável é típica dos que temem Manuela d’Ávila como símbolo de todas as mulheres e homens que combatem a opressão de gênero e atinge, frontalmente, o pensamento democrático e civilizado. Decorre da ideologia que não se amolda ao debate democrático por ter na violência seu método de ação. Consequentemente, a agressão a Manuela d’Àvila e a sua filha diz respeito a todos os direitos humanos. É o pronunciamento da antirregra da barbárie, da afronta ao Estado Democrático de Direito.
Tudo isso é resultado da ascensão do bolsonarismo, um projeto de poder confessadamente inimigo da civilização, que propaga a intolerância e o obscurantismo. É do caldo do neofascismo bolsonarista que emerge essas ações nefastas que, a exemplo do que ocorre com Manuela d’Ávila, se reproduz em várias dimensões pelo país afora. Sua conduta bárbara, com apologia cotidiana a todo tipo de violência, mostra, sem subterfúgios, o que ele e seus asseclas pensam sobre como pretendem governar o país.
A agressão a Manuela d’Ávila e a sua filha tem essa dimensão. Suas raízes estão nos processos políticos históricos que fizeram escola ao se aproveitarem das crises graves e sistêmicas para semear discórdia por meio de mentiras e manipulações políticas, para apresentarem a violência como solução. A história da humanidade registra verdadeiras tragédias resultantes dessa ideologia.
A grave crise de agora se apresenta como seara para os expoentes desse pensamento semear tragédias e reinar no caos. Enfrentar com firmeza essa grave ameaça é dever de todos os democratas. Manuela d’Ávila e sua filha Laura são símbolos dessa resistência. A solidariedade que a consciência democrática presta a Manuela d’Ávila e sua filha é extensiva à todas mulheres, a todos cidadãos, vítimas do neofascismo, da misoginia, do racismo e da homofobia.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado