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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Castillo declara vitória e esquerda pode voltar ao poder no Peru

Com 99,8% das urnas apuradas, Castillo tinha uma vantagem de 71.664 votos sobre Keiko – o que torna uma virada quase inviável.

O candidato de esquerda Pedro Castillo se declarou vencedor das eleições presidenciais do Peru na noite desta terça-feira (8), com base em mais de 98% apurados e nas contagens paralelas feitas pelo Perú Libre, seu partido. “O povo falou”, disse Castillo em anúncio em frente ao comitê de campanha.

No segundo turno do pleito, disputado no domingo (6), ele enfrentou a ultradireitista Keiko Fujimori, herdeira do clã que impôs uma ditadura neoliberal ao peru de 1990 a 2000, sob a liderança de seu pai, Alberto Fujimori. “De acordo com o relatório de nossos representantes, já temos a apuração oficial do partido, onde o povo se impôs a esta façanha, a qual saudamos. Por isso, peço também que não caiam na provocação”, agregou.

Até as 13 horas desta quarta-feira (9), com 99,8% das urnas apuradas, Castillo tinha uma vantagem de 71.664 votos sobre Keiko – o que torna uma virada quase inviável. Eram 8.735,534 de votos (ou 50,2% dos votos válidos) para o candidato da esquerda, contra 8,663,870 (49,8%) para a candidata fujimorista.

Pelos dados divulgados pelo órgão eleitoral, não é possível saber com precisão quantos votos ainda faltam a ser apurados. Uma projeção aponta há pelo menos 177 boletins de urna ainda a serem contabilizados, mas não se sabe quantas cédulas estão computadas nelas.

A esperança de Keiko de virar novamente a apuração se baseava nos votos do exterior, que vinham em grande proporção a favor da candidata. Mesmo assim, à medida que a apuração avançou, essa proporção – que chegava a ser de 80 votos para Keiko e 20 para Castillo a cada cem – já caiu para 66 contra 34. Contra as expectativas de Keiko, ainda há a questão da abstenção fora no Peru, que bateu 64% (dentro do país, foi de 23%).

Além disso, ainda faltam alguns votos em zonas rurais do país, em especial na região de Cusco, onde Castillo é muito forte (os votos para ele estão entrando na proporção de 83 a 17 a cada cem). Na região, 95,66% das atas já foram processadas e 95,2%, contabilizadas. Nas áreas em que a candidata da Força Popular é mais forte, a apuração ou já foi concluída ou está muito avançada – caso da capital Lima, com 100% das atas processadas e 97,96% contabilizadas.

As atas processadas são as recebidas pelo órgão eleitoral e checadas quanto à validade e outros problemas; as contabilizadas são aquelas que, efetivamente, já entram na contagem dos votos. A apuração vem a passos lentos, principalmente por conta das atas do exterior – que precisaram, em alguns casos, vir ao Peru por via aérea.

Castillo começou a contagem de votos cerca de 6 pontos percentuais atrás de Keiko, ainda na madrugada de segunda (7), domingo à noite no Peru. A virada aconteceu somente com 92,62% das atas contabilizadas. Com a reviravolta, Keiko denunciou, sem provas, supostas “irregularidades” eleitorais.

Porém, o Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru e comissões de observadores internacionais que acompanharam o segundo turno rejeitaram a acusação. Segundo o JNE, a Missão de Observação da União Interamericana de Organizações Eleitorais (Uniore) indicou que as eleições foram bem-sucedidas e reconheceu todo o processo eleitoral. Para a Uniore, o pleito foi “organizado de maneira correta e com êxito, de acordo com os padrões nacionais e internacionais”.

Caso a tendência de vitória de Castillo seja confirmada, a esquerda voltará ao poder no Peru depois de cinco anos. De 2011 a 2016, o país foi governado por Ollanta Humala, que tinha origem militar e foi eleito pelo Partido Nacionalista Peruano. Porém, como no Brasil, Humala e seu partido foram alvos de ações similares às da operação Lava Jato e deixaram o poder sob forte desgaste.


Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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