Poemas de Delmar Maia Gonçalves
“Tenho medo…”
Tenho medo
do silêncio profundo da noite
tenho medo
de escutar alguém em voz alta
tenho medo
de um fantasma que penetra na noite
tenho medo
de dar um grito abafado.
“Corvos de mau-agoiro”
Corvos
de mau-agoiro
pululam por solos impolutos
onde reinam Abutres e Hienas!
“Massacre em Díli”
(recordando Timor-Leste)
Paquito era tristeza
Paquito era dor
Paquito era esperança.Paquito acordou,
vestiu-se,
saiu.Telefone tocou
era Clara.
Houve tragédia em Dili
Há mortos e feridos
há presos e desaparecidos
há resistência
De Paquito nada se sabe
Desapareceu?
Foi morto?
Não sabemos!Para eles
Paquito morreu
para nós Paquito vive
porque Paquito é resistência,
é resiliência
Paquito é Timor
e Timor é Vida!!!
“Exílio da poesia”
Queria escrever versos
que reformassem a métrica
que ampliassem o vocábulo
que encurtassem a estrofe
que domassem o vento
que travassem o vendaval de emoções em mim
Mas a poesia
armadilhou-me o percurso
e trocou-me as voltas devorando
letra a letra a melodia
Por isso
não existe mais poesia em mim!
IV
Quando Pássaros livres
chilreiam baixinho
é urgente descodificar sua linguagem.
“Hipocrisia”
Vivemos versos
que são reversos
dos nossos versos.
“Voa”
Tens tua vida
presa nas asas do vento
Voa Pássaro livre
Voa!!!