Back in Bahia expressa com clareza o sentimento de estranheza do baiano Gil em Londres. Não que a capital inglesa não seja grandiosa e bela, mas naquele contexto repressivo, naquela estadia forçada, o que sobressaiam eram os contrastes entre a fria e nebulosa cidade europeia e a colorida, quente e alegre Bahia do nordeste brasileiro.
O golpe militar no Brasil impôs um regime marcado pelo autoritarismo, atraso político, cultural, econômico e social e pela violenta repressão. Muitos de seus opositores foram exilados, como os políticos Leonel Brizola, os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil e até o presidente deposto João Goulart.
A experiência em viver no exterior por uma imposição política foi um gatilho para Gil e Caetano criarem canções que refletiam, criticavam e denunciavam a situação brasileira.
Os álbuns Transa, de Caetano e Expresso 2222, de Gil são produtos desta fase que marcou não apenas suas vidas, mas a história do país.
Back in Bahia expressa com clareza o sentimento de estranheza do baiano Gil em Londres. Não que a capital inglesa não seja grandiosa e bela, mas naquele contexto repressivo, naquela estadia forçada, o que sobressaiam eram os contrastes entre a fria e nebulosa cidade europeia e a colorida, quente e alegre Bahia do nordeste brasileiro.
Hoje essas criações de músicos exilados são obras de arte que nos inspiram e, ao mesmo tempo, dizem muito sobre a nossa história.
São obras consonantes com as ambições de um Estado Democrático.
Back in Bahia
Composição: Gilberto Gil/1972
Intérprete: Gilberto Gil
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada
meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não
tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
de sol, de coração pra sentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada
meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não
tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal,
de sol, de coração pra sentir
Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto do mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá
Fonte: Centro de Memória Sindical | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado