Poemas de Delmar Maia Gonçalves
I
Venho de um país
do início do mar
onde toda a acosta é cromática
e a lua arredonda nossa sina.
Venho de um país
de bruma
e do início do mar
onde todas as fronteiras
são cromáticas!
II
“Dualismo”
Trazemos connosco
o peso do bem e do mal
Dentro de nós
habitam o paraíso e o inferno
que disputam predomínio
Somos os misteriosos
peões da partida de xadrez
que um todo-o-poderoso
joga tranquilamente!
III
“Vales de palavras”
Gostaria que vales de palavras
me percorressem a alma
mas vales de silêncio
me percorrem
e nada nem ninguém os detêm!
IV
“4 de abril”
Em Muxunguè
despertaram
velhas balas congeladas
e a morte acordoou.
V
“Maioridade”
Quando atingir
a maioridade
vou rir-me do mundo!
VI
“Mulher C”
Depois de ti
vislumbra-se um enorme vazio
Não cantarei serenatas
enquanto não ver sereias à superfície.
VII
“Mulher XXC – Flor de Lótus”
Flor sou
flor serei
no lodo nasço
no lodo cresço
ao lodo pertenço
no lodo orgulhosamente morrerei
Chamam-me Lótus!!!
VIII
“Tristeza”
Sangro sentado
sobre as cinzas
da minha tristeza.
IX
“Definições”
Divagação:
mestre do nada!
Reflexão:
pai do todo!
X
O amor
é incolor
por isso causa ardor
ao ódio.
XI
Questiúnculas de desalmados
não fazem cair
um homem vertical!
XII
“Gritarei sempre que os abutres comem das mãos dos anjos.”
XIII
“É a língua que nos tece.”
XIV
“Até em vida nós servimos de pasto aos vermes.”
XV
“Nestas sociedades moralistas, quando se diz a verdade, fomenta-se a discórdia.”
XVI
O verde e amarelo
do arrozal
acorda os gafanhotos!