Sistema identifica automaticamente usuários em fotos e vídeos. Segundo a empresa, a decisão levou em conta crescentes preocupações sobre o uso desse tipo de tecnologia.
O Facebook anunciou nesta terça-feira (2) que, nas próximas semanas, vai desativar seu sistema de reconhecimento facial, que identifica automaticamente os usuários em fotos e vídeos. Segundo a empresa, a decisão levou em conta crescentes preocupações sobre o uso desse tipo de tecnologia.
A remoção do reconhecimento facial pela maior plataforma de mídia social do mundo ocorre em um momento em que a indústria de tecnologia enfrenta críticas de que a tecnologia poderia favorecer racismo. Caso seja procurada pela Justiça, a pessoa pode ser abordada pela polícia dentro de alguns minutos. Se for muito parecida com uma, também.
Vinte estados do Brasil estão implementando a tecnologia de reconhecimento facial na segurança pública, assim como a Polícia Federal. A tecnologia é usada para capturar foragidos e procurados da Justiça, mas os governos locais também usam para buscar desaparecidos. O banco de dados de procurados também é racializado, com a maioria negra. Um estudo da Rede de Observatórios de Segurança contabilizou que de 151 pessoas presas com informações sobre a raça, 90,5% eram negras. Nos EUA, algumas localidades barraram o uso da tecnologia e especialistas sugerem o uso apenas em investigações aliada a outros elementos.
Nenhum algoritmo desenvolvido até agora oferece 100% de precisão. No caso da população negra, as chances de falhas são ainda maiores, em torno de 70%. Com isso, a tecnologia pode acentuar ainda mais as abordagens policiais abusivas contra pessoas negras. Isso porque os algoritmos são testados com rostos de países como EUA e da Europa, causando falhas também em rostos asiáticos.
“Os reguladores ainda estão no processo de fornecer um conjunto claro de regras que definam o seu uso”, disse Jerome Pesenti, vice-presidente de Inteligência Artificial do Facebook, por meio de nota. “Em meio a essa incerteza contínua, acreditamos que o apropriado seja limitarmos o uso do reconhecimento facial a um conjunto restrito de casos.”
Segundo a Meta, empresa que abriga o Facebook, mais de um terço dos usuários ativos diários da rede social optaram pela configuração de reconhecimento facial. Por isso, mais de um bilhão de pessoas serão atingidas pela mudança.
No caso da ferramenta de Texto Alternativo Automático (AAT, na sigla em inglês), que cria descrições de imagens para pessoas com deficiência visual, o Facebook acrescentou que ela não incluirá mais os nomes de pessoas reconhecidas nas fotos, mas seguirá funcionando normalmente.
por Cezar Xavier | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado