O silêncio é um estado de “alma” porque, em abono da verdade, não existe.
É uma espécie de refúgio social na não resposta ou de subterfúgio na distração onde resvala a indiferença por não agrado do indivíduo. Mas também motivado pelo medo seja do que for ou sobre o que for.
Emerge com, ou sem, surpresa na surpresa silenciosa, e depois ruma para o mundo dos ruídos múltiplos. Aqueles ruídos que mexem com o sentimento e, o enxovalham ou vangloriam, consoante for o caso ou a circunstância. Sendo que, o maior problema do silêncio, não raramente, é o barulho ensurdecedor que provoca. Não em si. Mas, à sua volta.
Um autêntico tornado emocional nos mais débeis mas também nos mais resistentes com exceção daqueles que convivem bem com o inesperado tenha ele a forma que tiver. Porque, para esses, o não provocar danos morais ou outros em terceiros é motivo suficiente para não conseguirem a satisfação do silêncio que a sua estabilidade emocional, na confusão, exige.
O silêncio não tem corpo. Tem formas. E, no âmbito generalizado das suas diversas formas é no barulho da indiferença que constrói a sua forma de ser o silêncio cúmplice genuíno. Aquele silêncio que o é, tão só, porque desconhece a diferença que estabelece a indiferença.
Todos os outros silêncios são a alma da hipocrisia conveniente no momento e para o momento. Uma espécie de fogo fátuo que se eleva da terra libertando silenciosamente os gases da putrefação, germe de outros silêncios. Não age, interage, ou reage.
Reduz-se ao seu significado: a inexistência do som no seu movimento trépido. Porque, no seu movimento intrépido, o ruído pode ser indigerivel, no seu sentido figurado, e de ação, interação ou mesmo de revolta cognitiva, catapultando para o seu interior todas as tempestades mentais mesmo as mais impensáveis.
- Como diz a canção do António Variações: “quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga”
O silêncio é assim: uma espécie de não ruído com ruído quanto baste associado.
Desde o simulacro rotativo de várias cramalheiras nos neurónios distendido pelo sistema nervoso até ao gesto soez, ou, de boa educação que mais não é do que o tido por, socialmente correto.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90