O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, repete mentiras contra a democracia para diplomatas de diversos países e rompe um limite que talvez não tenha mais volta.
Na última segunda-feira, 18 de julho, o presidente brasileiro Jair Messias Bolsonaro ultrapassou mais um limite em sua luta desesperada para conturbar o processo eleitoral de outubro próximo, onde a sua reeleição se mostra completamente inviável, e novamente ameaça o sistema democrático brasileiro. O atual presidente convocou dezenas de diplomatas, de diversos países, para fazer críticas sem fundamento ou provas ao sistema eleitoral brasileiro, às urnas eletrônicas que vem sendo utilizadas com sucesso e sem riscos no país desde 1996, e para defender teorias da conspiração, todas sem pé nem cabeça, além de fazer ameaças golpistas e fortes ataques aos ministros do STF (Superior Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em primeiro lugar é importante salientar que a reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, foi realizada cercada de absoluto sigilo e sem a participação protocolar dos órgãos diplomáticos brasileiros. A imprensa foi proibida de acompanhar o encontro que foi classificado como um “show de horrores” pela mídia de todo o mundo. Também não se sabe ao certo quantos eram, quem eram os participantes e representando quais países, no evento que foi transmitido por uma rede estatal de TV e pelas redes sociais de Bolsonaro. Ao final de sua apresentação o presidente não recebeu aplausos e, constrangido, foi obrigado a enfrentar o silêncio sepulcral de todos os participantes e se retirar sem qualquer tipo de cumprimento.
Com todas as pesquisas apresentando uma ampla maioria na intenção de votos a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sem sentir efeitos concretos de suas mais recentes medidas, como a eleitoreira “PEC das Bondades” e suas benesses oportunistas e com prazo de validade até dezembro desse ano, Bolsonaro entrou no “modo desespero” e parece ter iniciado o seu plano golpista, visando o confronto, a criação de um cl ima de conflito e um cenário de medo e de “guerra” fabricado para tentar suspender as eleições.
Segundo juristas, o ato dessa segunda-feira poderia ser facilmente enquadrado na lei complementar 64, de 1990, que prevê algumas situações que podem tornar um cidadão inelegível. Outros acreditam que os ataques proferidos a ministros e à democracia brasileira poderiam levar ao impeachment. Mas, todos concordam e Bolsonaro sabe disso, que um pedido de impeachment apenas se juntaria aos mais de 130 já protocolados na Câmara e que só iriam para frente em uma decisão privativa do presidente da Casa, o seu aliado Arthur Lira (PP-AL). Já se fosse enquadrado como um crime de Golpe de Estado, o mesmo precisaria ser aceito pelo procurador geral da República, o também aliado de Bolsonaro, Augusto Aras.
Fica claro que Bolsonaro não teme ser afastado pelas vias constitucionais e vem esticando cada vez mais a corda esperando medidas e a reação do STF e do TSE. Bolsonaro sabe que as suas chances de vencer as eleições são remotas e tem medo de que no futuro alguns de seus aliados, parentes ou até mesmo ele, venham a ser presos. Alguns ele já vem protegendo, indicando para que recebam comendas especiais, como ocorreu recentemente com alguns de seus aliados, sem formação universitária, e que, mesmo sem jamais terem lido um livro sequer, foram condecorados pela Biblioteca Nacional por sua colaboração à difusão da literatura. Na verdade, com a comenda, eles agora passam a se beneficiar de um mesmo desvio previsto na legislação brasileira que garante prisão especial àqueles que têm diplomas universitários.
Bolsonaro agora está avançando uma linha sem volta e parece não demonstrar o menor escrúpulo em colocar a sua legião cada vez menor de apoiadores, mas todos armados até os dentes, em risco de sangrentos conflitos para salvar a sua própria pele.
Com as eleições praticamente perdidas o objetivo dele parece cada vez mais claro: conturbar a paz social, fabricar um clima de instabilidade e de risco democrático e contar com apoio de militares ou de milicianos armados para provocar um golpe.
Faltando pouco mais de 70 dias para as eleições de 02 de outubro no Brasil, é fundamental que todas as forças democráticas ao redor do mundo se unam para evitar a explosão de uma catástrofe anunciada e alardeada.
Texto em português do Brasil