Dois manobradores de marionetas foram detidos em Madrid, sem direito a fiança, por causa de uma peça de fantoches que foi apresentada no Carnaval de Madrid, divulgou o Esquerda.net. Os artistas foram acusados de “apologia do terrorismo”, na sequência da exibição de um cartaz com a inscrição “Gora ALKA-ETA”, colocado no enredo para ilustrar uma montagem policial que visava prender a bruxa protagonista da história.
Os detidos são membros da companhia Títeres desde Abajo e representavam a peça “La Bruja y don Cristóbal”, integrada na programação de Carnaval da autarquia. Os autores são próximos da central sindical libertária CNT-AIT, que já veio a público defendê-los e assegurar que a história em que a bruxa tem de enfrentar a Propriedade, a Religião, a Força do Estado e a Lei “defende a convivência, a tolerância e a aceitação do diferente”, pelo que nunca se podia associá-la a qualquer apologia do terrorismo.
Alcaides de Madrid e Barcelona contestam decisão do juiz
Entretanto, a autarquia de Madrid abriu um inquérito para apurar responsabilidades pelo “erro” de programação, mas a alcaide Manuela Carmena já veio contestar a decisão do juiz de prender os marionetistas num contexto “satírico, burlesco e de ruptura com a normalidade” que marca as festas de Carnaval.
A autarca de Barcelona, Ada Colau, também veio defender os marionetistas presos, referindo que a peça “podia ser de mau gosto, e de certeza que não é para crianças, mas no máximo foi um erro de programação” e não um crime.
No passado Domingo, algumas centenas de pessoas juntaram-se no centro de Madrid para exigir a liberdade dos artistas e denunciar que os autores estão a ser alvo de uma montagem policial. Na véspera, algumas dezenas de jovens boicotaram as festas de Carnaval da cidade em protesto com as detenções, empunhando cartazes a favor da liberdade de expressão.