Uma coligação da extrema direita com a direita e o centro direita em Itália que juntou o partido de extrema-direita Irmãos de Itália (FdI), de Giorgia Meloni, a Liga, de Matteo Salvini, e a Força Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ganhou as eleições legislativas realizadas em Itália com maioria absoluta colocando a líder do Fdl (Irmãos de Itália) – o partido mais votado – na posição de acesso direto à chefia do Governo na qualidade de Primeiro Ministro.
Uma realidade impensável após o holocausto e outros horrores perpetrados pelos mentores ideológicos da futura líder de Itália, mas que, após os arremessos em Paris onde Le Pen se destacou e a que se seguiu a sua filha no combate pelo poder com resultados que alertavam os povos na Europa para essa evidência e que acabou por se concretizar em Itália.
Ora, um processo de retrocesso civilizacional só é possível com a reversão de todos os valores sociais, passando pela inversão política de todas as filosofias e práticas dos Órgãos do Estado e de Poder Judicial.
O que, a acontecer, para a implementação do ideário político e social da senhora Giorgia Meloni, terá de haver suporte policial, militar e judicial, como aconteceu com os seus mentores.que também contaram com o apoio popular e político para ascender ao poder.
Há os que defendem que a História se repete.
Mas também há os que dizem ser impossível a História repetir-se por condicionalismos diversos de entre os quais sobressai o desenvolvimento social e a necessária conjuntura; social, política e económica envolvente.
Não há muitos anos Benito Amilcare Andrea Mussolini líder do Partido Nacional Fascista conseguiu feito similar mas em contexto completamente diferente e, numa conjuntura da história da Humanidade também diferente, embora, os motivos que estiveram e estarão na origem do descontentamento generalizado “condicionador” do sentido do voto da maioria do eleitorado na extrema direita possam ter a singularidade do ato na semelhança das causas e dos efeitos no tocante a dificuldades elementares de sobrevivência com dignidade mas também no sentimento de desconfiança nas lideranças políticas ao tempo em similaridade com o presente.
As coincidências encontramo-las no completo descrédito popular numa classe política que reverteu o seu ciclo de formação ideológica, sociológica e social, para parâmetros similares aos do século passado ao ponto de a terem transformado numa carreira sem carreira e muito menos curriculum vitae ou profissional na justa medida em que a especialização é completamente nula no exercício do pensamento e projeção de um modelo de sociedade no futuro que assegure às pessoas a tranquilidade necessária para, de forma dinâmica e envolvente, darem corpo a esse projeto.
Os exemplos Trump e Bolsonaro de nada serviram num País aonde há não muitos anos uma deputada foi eleita só porque exibia os seus dotes fisionómicos – os seios – sem que se perceba muito bem porque e, para quê.
No presente estádio da História da Humanidade os Italianos elegeram uma candidata com imenso jeito para a pose fotográfica, não porque possua grandes atributos fotogénicos – em minha opinião – mas tão só porque, pelo que vi na assembleia de voto quando procedia a esse seu direito, lhe dá um certo gozo posar para as lentes das objetivas como o fez com uma desfaçatez incomum na classe política.
Uma classe de profissionais em crise profunda de valores por motivos suficientemente conhecidos.
Desde logo a escolha dos candidatos que deveria resultar de eleição interna democrática nos partidos políticos de que são originários, que não acontece, mas também de um trajeto com aval de distinção junto das comunidades e de distanciamento em áreas sinalizadas como o são: o compadrio; a corrupção; a incompetência; o laxismo; entre muitos outros “atributos” que fazem da classe política uma espécie de “inimigo público” ou de “fala barato” para o cidadão comum.
Em Portugal e nos Países da União Europeia, assim como nos Países onde as dificuldades sociais e económicas atravessam picos de gravidade exponencial, o crescimento do ideário político de extrema direita no seio das populações é conhecido pelo que, se nada for feito no plano educativo mas também no plano económico, os riscos de estagnação e recuos significativos das civilizações terão um resultado demasiado desastroso para ser crível!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90