Os 44 territórios com essas populações ocupam juntos 653 km², o equivalente a 62% da área de todas as terras indígenas no bioma.
O estudo “Isolados Por um Fio: Riscos Impostos aos Povos Indígenas Isolados”, divulgado nesta quarta-feira (11), alertou que a exposição ao desmatamento, incêndios, grilagem e mineração colocaram sob risco “muito alto” quatro Terras Indígenas dessas populações na Amazônia.
São elas: TI Ituna/Itatá, no Pará; TI Jacareúba/Katawixi, no Amazonas; TI Piripkura, em Mato Grosso; e TI Pirititi, em Roraima.
Os 44 territórios com povos indígenas isolados na Amazônia ocupam juntos 653 km², o equivalente a 62% da área de todas as terras indígenas no bioma.
O levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) apontou que são doze terras indígenas sob risco “alto” e “muito alto”, sendo as quatro acima em situação mais críticas.
A pesquisa revelou outros problemas como a desestruturação de políticas públicas específicas, “considerada um risco jurídico-institucional e um agravante na exposição de territórios aos demais processos”.
“As terras indígenas no Brasil estão sendo usurpadas e a fragilidade jurídico-institucional aumenta ainda mais a exposição de povos a terem suas terras invadidas pelo desmatamento, por incêndios criminosos e pela mineração ilegal. Os dados refletem a violação do direito ao uso territorial indígena em curso e indicam a necessidade de assegurar os direitos fundamentais de originárias e originários”, diz Patrícia Pinho, diretora adjunta de pesquisa no Ipam.
Ameaças
De acordo com o estudo, as ameaças se consolidaram de maneira expressiva nos últimos três anos. De 2019 a 2021, seis das dez terras indígenas (TIs) com maior aumento no desmatamento no bioma têm povos isolados.
Nesse tipo de território também se concentram 48% dos focos de calor, com uso do fogo ligado à mineração e à grilagem.
Pesquisadoras, indigenistas e lideranças indígenas alertam que, além de degradarem a biodiversidade, tais fatores podem ter consequências irreversíveis para a vida humana, como a dizimação de povos isolados.
“A Amazônia brasileira é o lugar do mundo com a maior concentração de populações indígenas em situação de isolamento. Exigimos que o novo governo federal reverta o legado de destruição deixado pelo anterior, que desmantelou as políticas indigenistas e os nossos direitos. O movimento indígena está organizado para enfrentar as ameaças aos nossos territórios e à autodeterminação dos povos indígenas, e para defender a vida dos povos isolados”, afirmou Élcio Severino da Silva Manchineri, coordenador-executivo da Coiab.
por Iram Alfaia | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado