Poucas horas depois de derrotarem o candidato bolsonarista à presidência do Senado, Rogério Marinho, os apoiadores do Governo na Casa dividiram-se em dois blocos de atuação parlamentar. E por razões menores. O “racha” não vai afetar o apoio a Lula, mas pode deixar sequelas no relacionamento entre aliados. Com isso, o líder do Governo, Jacques Wagner, colheu seu primeiro desgaste no cargo.
Estava em curso a formação de um bloco majoritário reunindo PT, MDB, PSD e União Brasil (UB). Mas, ainda durante a votação de anteontem, Wagner começou a formar um outro bloco, reunindo PT, PSB, PSD e Rede, denominado Resistência Democrática, totalizando 28 senadores. Surpreendidos, MDB e UB formaram logo outro bloco, reunindo também PDT e Podemos. Este, denominado Democracia, terá 31 senadores.
O senador Renan Calheiros explicita o azedume dos preteridos com a iniciativa de Wagner.
– Nós fomos surpreendidos, inclusive pela deselegância, pois sequer fomos avisados da mudança de planos. E isso foi feito apenas para garantir à senadora Eliziane Gama (que acaba de trocar o Cidadania pelo PSD) o cargo de líder da maioria.
Mas, como o bloco Democracia acabou ficando maior que o liderado pelo PT, a liderança da maioria acabará ficando mesmo com o MDB, possivelmente com Renan.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ouviu a queixa dos aliados e teria lhes dado razão.
Este é um exemplo de movimento desnecessário e nocivo ao Governo que, há poucas horas, temia uma derrota no Senado. E que, mesmo com a vitória de Pacheco, viu a oposição destinar 32 votos ao bolsonarista Marinho, o que exigirá um fino monitoramento da base no Senado.
Texto original em português do Brasil