A prestação de contas tem uma abrangência demasiado lata. No entanto, os governos das contas certas, mantém esse paradigma sem que se vislumbre a devida prestação de outras contas para com quem os elegeu um procedimento transversal ao perfil do agente político que teima em se especializar na forma de contornar a essência dando ênfase ao acessório para que o tema se resuma naquilo que quer dizer aos seus eleitores a quem apresenta sempre números macro, aos milhões, para macro investimentos, sabido ser a nossa economia, na sua generalidade, de dimensão micro, em que mais de metade da população vive no limiar da subsistência e uma parte considerável conta cêntimos para se segurar na pobreza de forma a enganar a miséria e, aguenta!
É que, por muitos elogios que as contas certas mereçam de gente ligada ao mundo das finanças há outras contas que só são prestadas quando a pressão nas ruas já é clara e a ameaça de o poder se perder em benefício de uma outra qualquer organização política que terá rigorosamente o mesmo comportamento, sendo que, a única diferença estará na forma: entre o centro esquerda e o centro direita. Até porque o liberalismo é uma treta sem consistência na justa medida em que a organização social tenderá a desaparecer para que cada um possa fazer o que bem entende e só os mais fortes resistam. O que a médio prazo limita a capacidade produtiva restante e a inteligência artificial terá o seu tempo de vida limitado por falta de municiadores dessa mesma “inteligência”…
Uma solução política de extrema direita será suicida porque no curto prazo necessitará de proceder a purgas só possíveis, nos novos tempos, com a exterminação seletiva da massa crítica de forma subrepticia porque os antigos campos de concentração saem demasiado caros e, por consequência, o setor produtivo perde a força do trabalho sobrando os ditadores para se alimentar uns dia outros o que não durará por muito tempo como é evidente.
À esquerda, o Estado Social poderia ser uma solução se a cultura geral média estivesse imbuída dessa métrica que não acontece por estagnação intelectual do ensino e do pragmatismo na formação que há muito deixou de ser académica para ser profissional.
A configuração familiar mudou e os hábitos de vida também o que levou ao abandono da agricultura praticada por famílias numerosas comum às zonas do minifúndio onde as culturas e a criação de animais para subsistência se tornou impossível porque a necessidade de habitação transformou o habitat agrícola em habitat de aglomerados de prédios dando – lhe o novo rosto da urbe cosmopolita “semeada” de caixotes do lixo onde alguns procuram alimentos e outros rastejam por trilhos da caridade.
O governo do Partido Socialista tem um currículo demasiado preocupado com as contas certas tão contestado noutros tempos de déficit público acumulado para aliviar o nó do FMI como se essa instituição fosse um parceiro inocentemente estranho ao atual estado das economias mundiais, sugando as mais frágeis em benefício das mais fortes, omitindo contas menos certas naquilo que é o seu dever primeiro: pugnar pela melhoria das condições de vida dos Portugueses. Assim como, gerir a coisa pública de forma mais racional, justa e equitativa.
A sua responsabilidade eleitoral diluiu-se nos casos e casinhos lamentáveis por serem escusados mas que o governo teimou em manter e, pasme-se (!), em continuar.
Começa a ser difícil a um militante do Partido Socialista assumir publicamente essa sua condição e, presumo, vir a ser candidato ao que quer que seja em nome da organização a que dá o seu melhor. O que facilita a que os “independentes” da oportunidade se perfilem ao ponto de hoje, o P.S., ter na vereação do município de Braga um único militante. Admitindo a hipótese de apresentar a candidato/a na próxima eleição autarquia mais um “independente” descaracterizando o partido e ferindo de morte a sua identidade ideológica e de princípios num tempo em que se começam a contar pelos dedos os agentes políticos sem problemas com a justiça ou com a honorabilidade devida perante a sua própria consciência e, o cidadão eleitor.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90