O nosso velho amigo Alain Juillet decidiu pôr os pontos nos ii sobre o que se passa na Ucrânia, um “caso” que não é em si o “problema” mas o “revelador” do que está em curso nos bastidores da desordem global.
Uma entrevista (a ver/ouvir, sem falta) em que Alain Juillet:
- mostra como na guerra económica feita pelos europeus à Rússia são os europeus que estão a perder, enquanto os russos se estão a sair muito melhor, e como as consequências, não esperadas nem desejadas, das “sanções” podem ser terríveis para o sistema financeiro global.
- diz que Zelenski “não é completamente estúpido” e “de um triste comediante transformou-se em chefe de guerra”, explica toda a situação estratégica da Ucrânia, sem romantismos nem emoções mas com a melhor informação e toda a lucidez e as grelhas de leitura necessárias.
- põe a nu a imensa incompetência na definição das políticas energéticas, francesas e europeias, e a hipocrisia reinante na aquisição do petróleo russo (que continua…) não à Rússia mas à India que o compra à Rússia e o revende à Europa (com lucro, obviamente)…
- afirma que o “couple France-Alemanha” já deixou de existir pois “explodiu em vôo”, chama mentirosa a Merkel, explica o seu triplo jogo e dá uma muito interessante resposta à questão “estamos nós em guerra?”
- da senhora “presidenta” europeia Ursula Von der Leyen (não-eleita mas imposta por Berlim), afirma que o mínimo que se pode dizer é que ela “não é imaculada” e que ninguém fala do escândalo de corrupção, em Itália, com o marido dela, tal como já se esqueceu o escândalo que a levou a demitir-se de ministra da Defesa da Alemanha.
- pelo caminho esclarece ainda o caso do balão espião chinês (e, sobretudo, as suas consequências…) e, na sequência, desembrulha o enigma do relacionamento China/Taiwan.
Em suma, um show de inteligência e lucidez (de um ponto de vista francês, claro) como poucos europeus o podem ou sabem fazê-lo.
Alain Juillet: Ucrânia, nos bastidores da desordem global
TVL | 11/02/2023
Alain Juillet (alto funcionário responsável da inteligência económica junto dos primeiros-ministros franceses de 2003 a 2009 (Jean-Pierre Raffarin, Dominique de Villepin e François Fillon), ex-oficial dos comandos pára-quedistas da SDECE, antecessor da DGSE, e ex-patrão da DGSE) olha para este mundo em plena transformação, uma transformação sem dúvida acelerada pela guerra na Ucrânia iniciada em 2014.
Quase um ano após a invasão das tropas russas em 24 de fevereiro de 2022, a situação está ficando enquistada no local e os homens de ambos os lados estão caindo em uma guerra fratricida que poderia ter sido evitada. Por sua vez, os Estados membros da União Européia sabotam-se a si mesmos, para grande deleite de seus adversários económicos e comerciais.
Enquanto a França de Emmanuel Macron segue zelosamente as decisões belicosas da União Europeia tomadas pela não eleita presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, a população está ficando mais pobre com o aumento do custo da energia. Enquanto Bruno Le Maire prometia o colapso da economia russa, prevendo abertamente o pior para a população, foi em Paris que a inflação disparou.
(…)
A economia planetária vê assim as cartas redistribuídas com uma forte queda do dólar no comércio, contra um yuan em expansão e um rublo em crescimento. Uma convulsão geral de que tanto a Europa como a França sairão fortemente enfraquecidas e privadas de parceiros.
Exclusivo Tornado / IntelNomics